Anita Garibaldi Coberta Por Histórias

Se a vida repleta de aventuras de Anita Garibaldi já deu origem a vários filmes e minisséries, também é tema recorrente na literatura não apenas brasileira, mas até na hispano-americana.


No livro "Anita Garibaldi coberta por histórias", Fernanda Aparecida Ribeiro analisa com elegância e concisão as imagens construídas da revolucionária catarinense por dois escritores brasileiros - João Felício dos Santos e Flávio Aguiar - e dois argentinos - Julio A. Sierra e Alicia Dujovne Ortiz.
Ribeiro discute o esforço desses autores de contextualizarem melhor o mito dominante em torno de Anita - o da "heroína de dois mundos", que lutou por seus ideais na América do Sul e na Itália.
E também a tentativa que eles fizeram para se desvencilhar da outra imagem, mais "domesticada", da companheira de Giuseppe Garibaldi, vista antes como "esposa e mãe" do que como revolucionária por vários historiadores brasileiros, principalmente no começo do século 20.
Com base na teoria do romance histórico contemporâneo na América Latina e da crítica literária feminista, o presente estudo tem por objetivo investigar a construção da personagem feminina Anita Garibaldi em romances latino-americanos, a partir do modelo histórico construído por Giuseppe Garibaldi em suas Memórias.
Idealizando sua companheira, nessa narrativa, o herói italiano constrói a imagem de uma mulher guerreira, que se move no espaço público. Mesmo seguindo o texto de Garibaldi, os historiadores posteriores complementaram a biografia da heroína brasileira, destacando a experiência dela no espaço privado, cumprindo o papel que a sociedade outorgava às mulheres no século XIX.
Assim, o modelo que a história apresenta é de uma mulher ambígua, que transita entre o espaço público, aberto e o espaço privado, fechado. O trabalho que aqui se apresenta mostra como cada romancista recria a imagem de Anita, distanciando-se ou se aproximando do protótipo histórico criado por Garibaldi.
Com esse intuito, escolheu-se como corpus literário os romances A guerrilheira, do brasileiro João Felício dos Santos; Anita, do também brasileiro Flávio Aguiar; Anita Garibald, do argentino Julio A. Sierra; e Anita cubierta de arena, da argentina Alicia Dujovne Ortiz.
Em todos eles, verifica-se o intuito de reaver uma personagem da história aclamada como heroína, cuja imagem foi elaborada discursivamente por um homem que lhe concedeu características masculinas. Constata-se, desta forma, como a literatura cumpre o papel de leitora privilegiada da história.

Links para Download

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Mais Lidos

Blog

Anita Garibaldi Coberta Por Histórias

Se a vida repleta de aventuras de Anita Garibaldi já deu origem a vários filmes e minisséries, também é tema recorrente na literatura não apenas brasileira, mas até na hispano-americana.
No livro “Anita Garibaldi coberta por histórias”, Fernanda Aparecida Ribeiro analisa com elegância e concisão as imagens construídas da revolucionária catarinense por dois escritores brasileiros – João Felício dos Santos e Flávio Aguiar – e dois argentinos – Julio A. Sierra e Alicia Dujovne Ortiz.
Ribeiro discute o esforço desses autores de contextualizarem melhor o mito dominante em torno de Anita – o da “heroína de dois mundos”, que lutou por seus ideais na América do Sul e na Itália.
E também a tentativa que eles fizeram para se desvencilhar da outra imagem, mais “domesticada”, da companheira de Giuseppe Garibaldi, vista antes como “esposa e mãe” do que como revolucionária por vários historiadores brasileiros, principalmente no começo do século 20.
Com base na teoria do romance histórico contemporâneo na América Latina e da crítica literária feminista, o presente estudo tem por objetivo investigar a construção da personagem feminina Anita Garibaldi em romances latino-americanos, a partir do modelo histórico construído por Giuseppe Garibaldi em suas Memórias.
Idealizando sua companheira, nessa narrativa, o herói italiano constrói a imagem de uma mulher guerreira, que se move no espaço público. Mesmo seguindo o texto de Garibaldi, os historiadores posteriores complementaram a biografia da heroína brasileira, destacando a experiência dela no espaço privado, cumprindo o papel que a sociedade outorgava às mulheres no século XIX.
Assim, o modelo que a história apresenta é de uma mulher ambígua, que transita entre o espaço público, aberto e o espaço privado, fechado. O trabalho que aqui se apresenta mostra como cada romancista recria a imagem de Anita, distanciando-se ou se aproximando do protótipo histórico criado por Garibaldi.
Com esse intuito, escolheu-se como corpus literário os romances A guerrilheira, do brasileiro João Felício dos Santos; Anita, do também brasileiro Flávio Aguiar; Anita Garibald, do argentino Julio A. Sierra; e Anita cubierta de arena, da argentina Alicia Dujovne Ortiz.
Em todos eles, verifica-se o intuito de reaver uma personagem da história aclamada como heroína, cuja imagem foi elaborada discursivamente por um homem que lhe concedeu características masculinas. Constata-se, desta forma, como a literatura cumpre o papel de leitora privilegiada da história.

Link Quebrado?

Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.

Deixe seu comentário

Pesquisar

Mais Lidos

Blog