Lira À Brasileira

Livros como Lira À Brasileira, de Wilberth Claython Salgueiro, exigem novos regimes de leitura, pois a tradição exegética se vê de imediato problematizada.

Livros como Lira À Brasileira, de Wilberth Claython Salgueiro, exigem novos regimes de leitura, pois a tradição exegética se vê de imediato problematizada. Seria preciso interpretá-lo como coletânea de ensaios simultaneamente de crítica e de poesia, imprimindo-se toda a força aos genitivos.

Tudo aqui se experimenta e reinventa, o poema, a voz, a escrita, o corpo, os afetos, a história e as paixões. Motivo pelo qual a crítica se exerce de forma extremamente criativa, e não como atitude reativa ao gesto criador primeiro. Pois não há mais primariedade na invenção literária.

Embora nem a crítica nem a teoria se confundam com o poema, ambas (crítica/teoria) se afirmam aqui pela força que move o último (o poema), escavando o horizonte além do qual se encontra o leitor. Nós.

O traço de genialidade vem desse reconhecimento de que, longe de todo servilismo impotente, o crítico é mais que um intermediário, pois seu texto guarda já e ainda a potência de escrita que em certo ponto o mobilizou.

Genial seria o sujeito que interrompe a genealogia, fundando sua própria tradição de leitura, sem submissão a pai nem mãe autorais, mas em diálogo profícuo com estes, seguindo as vias da desleitura (com Harold Bloom e mais além).

Reconhecemos, pois, o estilo Wilberth Salgueiro de escrever e pensar, como registros de uma assinatura forte. Pois é ao gesto de um (crítico) poeta lendo outros que se vai assistir, direto e em muitas cores, mas com o grau de distanciamento que o estudo exige. E sem pose.

Nem os poetas eleitos nem o próprio crítico (poeta) posam de nefelibatas, aqueles que se assentam sobre as nuvens. Ao contrário, poesia, se há, vem do dia a dia e para ele retorna, como matéria vertida que de si mesma alimenta.

Daí abrem-se portas, janelas, que, como diz a canção, dão para dentro. E, eu diria, também para fora. Para o aberto, o azul do azul, de Mallarmé e de outros poetas (críticos).

Entre os inúmeros acertos, assinalaria a retomada de uma autora canonizada mas hoje relativamente pouco lida pela crítica universitária e outra, Cecília Meireles.

Notáveis o modo de compreensão dessa escrita, no sentido de explorar sua fortuna crítica, e a reflexão a que sua produção poética dá vez, habilitando-a a outras leituras neste novíssimo século, tal como ocorre com originalidade na última parte da abordagem.

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Tudo aqui se experimenta e reinventa, o poema, a voz, a escrita, o corpo, os afetos, a história e as paixões. Motivo pelo qual a crítica se exerce de forma extremamente criativa, e não como atitude reativa ao gesto criador primeiro. Pois não há mais primariedade na invenção literária.

Embora nem a crítica nem a teoria se confundam com o poema, ambas (crítica/teoria) se afirmam aqui pela força que move o último (o poema), escavando o horizonte além do qual se encontra o leitor. Nós.

O traço de genialidade vem desse reconhecimento de que, longe de todo servilismo impotente, o crítico é mais que um intermediário, pois seu texto guarda já e ainda a potência de escrita que em certo ponto o mobilizou.

Genial seria o sujeito que interrompe a genealogia, fundando sua própria tradição de leitura, sem submissão a pai nem mãe autorais, mas em diálogo profícuo com estes, seguindo as vias da desleitura (com Harold Bloom e mais além).

Reconhecemos, pois, o estilo Wilberth Salgueiro de escrever e pensar, como registros de uma assinatura forte. Pois é ao gesto de um (crítico) poeta lendo outros que se vai assistir, direto e em muitas cores, mas com o grau de distanciamento que o estudo exige. E sem pose.

Nem os poetas eleitos nem o próprio crítico (poeta) posam de nefelibatas, aqueles que se assentam sobre as nuvens. Ao contrário, poesia, se há, vem do dia a dia e para ele retorna, como matéria vertida que de si mesma alimenta.

Daí abrem-se portas, janelas, que, como diz a canção, dão para dentro. E, eu diria, também para fora. Para o aberto, o azul do azul, de Mallarmé e de outros poetas (críticos).

Entre os inúmeros acertos, assinalaria a retomada de uma autora canonizada mas hoje relativamente pouco lida pela crítica universitária e outra, Cecília Meireles.

Notáveis o modo de compreensão dessa escrita, no sentido de explorar sua fortuna crítica, e a reflexão a que sua produção poética dá vez, habilitando-a a outras leituras neste novíssimo século, tal como ocorre com originalidade na última parte da abordagem.

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