
Este livro, acessível e muitas vezes divertido, representa uma contribuição de peso para o debate sobre o sentido textual e será leitura obrigatória para todos os interessados em teoria literária e em questões mais abrangentes levantadas pela interpretação.
O presente volume inclui os textos revistos das Conferências Tanner de Eco em 1990, os artigos dos três participantes do seminário e a réplica de Eco.
Como em certos momentos as questões discutidas pelos participantes
podem parecer muito obscuras ou técnicas para o leitor não-iniciado, talvez seja razoável apresentar antes as principais divergências entre elas e apontar algumas das implicações mais importantes de uma investigação que se encontra no núcleo de muitas formas de entender a cultura no fim do século XX.
A interpretação não é, evidentemente, uma atividade inventada pelos teóricos da literatura do século XX. Na verdade, as dificuldades e discussões sobre a caracterização dessa atividade têm uma longa história no pensamento ocidental, derivada sobretudo da tarefa importantíssima de instituir o significado da Palavra de Deus.
A fase moderna dessa história remonta essencialmente à percepção mais aguda do problema do significado textual introduzido pela hermenêutica bíblica associada a Schleiermacher no começo do século XIX e à posição central da interpretação para o entendimento de todas as criações do espírito humano tomada como base de um programa de pleno alcance da Geisteswissenschaft de Dilthey no fim do século.
O estágio particular em que a discussão entrou nas duas ou três últimas décadas deve ser entendido no contexto de dois processos de larga escala.
O primeiro foi uma expansão enorme da educação superior em todo o mundo ocidental a partir de 1945, dando novo relevo a questões relativas ao papel cultural genérico dessas instituições e, mais especificamente, a questões sobre a identidade e o status das “disciplinas” institucionalmente definidas.
No mundo de língua inglesa, o “inglês” enquanto disciplina adquiriu, ao longo desse processo, uma posição particularmente central e sensível”, como a disciplina menos isolada das preocupações existenciais dos leitores e escritores leigos de fora dos muros – o que significava, entre outras coisas, que as discussões internas da profissão continuavam sendo objeto de atenção pública intermitente.
Um indício simples, mas notável, da importância do tema é o fato de o inglês ter sido o departamento com mais alunos em dois terços das faculdades e universidades americanas em 1970.
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