Último grande romance de Thomas Mann, Doutor Fausto foi publicado em 1947.
O escritor fez uma releitura moderna da lenda de Fausto, na qual a Alemanha trava um pacto com o demônio – uma brilhante alegoria à ascensão do Terceiro Reich e à renúncia do país a sua própria humanidade.
O protagonista é o compositor Adrian Leverkühn, um gênio isolado da cultura alemã, que cria uma música radicalmente nova e balança as estruturas da cena artística da época.
Em troca de 24 anos de verve musical sem paralelo, ele entrega sua alma e a capacidade de amar as pessoas. Mann faz uma meditação profunda sobre a identidade alemã e as terríveis responsabilidades de um artista verdadeiro.
Embora a única situação na narrativa abertamente semelhante à história tradicional de Fausto seja o diálogo imaginário entre Adrian – o protagonista – e o Diabo, que ocorre no capítulo 25, a lenda de Fausto é uma presença muito forte no romance de Mann.
Central para a lenda de Fausto é o contrato, o ‘quid pro quo’, entre o Diabo e Fausto: o acordo faustiano de Adrian implica contrair sífilis com uma prostituta. Ao preço da perda de sua saúde física e mental, a sífilis desencadeia poderes incontáveis de criatividade dentro dele.
A sífilis de que padece, por sua vez, é um símbolo da “doença” do nacionalismo extremo e chauvinismo étnico que levou o povo alemão abraçar Adolf Hitler e os nazistas.
Nos dois casos – contração de sífilis por Adrian e a chegada ao poder de Hitler –, Mann deixa claro que as partes envolvidas entraram em seus “acordos” por sua própria vontade, assim como o original Doutor Fausto entrou em seu pacto demoníaco de livre e espontânea vontade.
Thomas Mann nasceu em Lübeck, na Alemanha. Em 1929, foi premiado com o Nobel de literatura. Quando Hitler tomou o poder, Mann partiu para o exílio, nos Estados Unidos. Retornou à Europa em 1952 e viveu na Suíça até sua morte, em 1955.
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