Nos primeiros anos da década de 1990, minha mãe se entreteve de maneira fortuita com a ideia de escrever uma autobiografia. Como se tratava de uma pessoa que preferia sempre escrever diretamente o mínimo possível sobre si mesma, aquilo me surpreendeu. “Escrever a respeito de mim mesma, acima de tudo”, disse ela certa vez a um entrevistador da Boston Review, “parece-me antes um caminho indireto para tratar daquilo sobre o que desejo escrever […]. Nunca estive convencida de que meus gostos, meus êxitos e insucessos tenham algum caráter exemplar.”
Minha mãe disse isso em 1975, quando ainda estava submetida a um cruel regime de quimioterapia que os médicos contavam que fosse lhe garantir um longo período de alívio, mas na verdade, pelo menos um deles me falou na ocasião, não acreditavam nisso, muito menos que fosse curar o câncer de mama metastático, fase 4, diagnosticado no ano anterior (ainda era o tempo em que os familiares dos doentes recebiam mais informações do que os próprios pacientes). De modo característico, quando pôde escrever novamente, ela decidiu redigir uma série de ensaios para The New York Review of Books, mais tarde publicados em forma de livro com o título Sobre fotografia. Ela não só se encontra inteiramente ausente dessa obra, em qualquer sentido autobiográfico, como mal aparece em Doença como metáfora, volume que por certo jamais teria escrito não fosse sua experiência pessoal da estigmatização que advinha do câncer naquele tempo e, embora atenuado, sobrevive ainda hoje, em geral na forma de autoestigmatização.
Segundo volume de Diários revela o repertório intelectual e a genialidade de Susan Sontag.
Dos anos turbulentos de sua viagem a Hanói, em pleno auge da Guerra do Vietnã, até a experiência como cineasta na Suécia e às eleições presidenciais americanas de 1980, este volume documenta a evolução de uma mente extraordinária.
Em 1966, a publicação de Contra a interpretação lançou Susan Sontag da periferia do ambiente artístico e intelectual de Nova York para os holofotes de todo o mundo, sedimentando seu lugar como uma força dominante no mundo das ideias.
Esses registros são um retrato inestimável dos pensamentos íntimos de uma das mais inquisitivas e instigantes ensaístas do século XX.
Diários II: 1964-1980
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