A História E Suas Epidemias

O autor resgata da luta travada pela humanidade contra os germes ao longo dos séculos, desde a tentativa de compreensão das primeiras epidemias da História.

É possível balizar a História através de grandes ideias. Ou é possível balizar a História por eventos econômicos. Ou pela luta de classes. Mas também é possível balizar a História por meio de doenças que acometem grandes grupos populacionais: as epidemias. É exatamente o que faz Stefan Cunha Ujvari neste A História E Suas Epidemias: A Convivência Do Homem Com Os Micro-Organismos, uma obra que pode ser lida como uma fascinante narrativa da tormentosa convivência entre seres humanos e aqueles invisíveis habitantes do planeta, os germes. Que já estavam aqui, mostra-o o autor, muito antes do Homo sapiens, e que resistiram — e resistem — às mais duras condições.

Há uma bactéria, que responde pelo sugestivo nome de Bacillus infernus, capaz de sobreviver na água fervendo, felizmente sem causar doenças. Existe também a bactéria Micrococcus radiophilus, que se nutre de substâncias radioativas, como urânio e plutônio, e que portanto receberia com festa uma explosão atômica. Não há dúvida de que para seres assim o organismo humano é um refúgio mais do que confortável. É possível que, em relação à nossa espécie, os germes não pretendam mais do que isso, abrigo e algum alimento; não dá para saber, afinal esses microscópicos seres nunca emitiram qualquer declaração a respeito.

O certo, porém, é que em determinadas circunstâncias, e seja por culpa dos germes ou por culpa nossa, ficamos doentes. Mais que isso, em certas condições, uma doença pode se disseminar explosivamente, dando origem àquilo que a humanidade conhece e há longo tempo teme, a epidemia.

O que é uma epidemia? E a ocorrência de casos de uma doença em número superior ao esperado — esperado com base em cálculos, não em adivinhações. Esse conceito é importante. As pessoas, e os grupos sociais, aceitam, ainda que com resignação, que doenças transmissíveis, aquelas causadas por germes, ocorram. Mas quando a doença se espalha de uma forma aparentemente sem controle, quando não se trata apenas de corpos individuais, mas do corpo social, estamos diante de uma situação nova e apavorante, uma situação capaz de levar o caos a cidades, a regiões, a países.

E por isso que as epidemias ficaram registradas na História. O relato bíblico, por exemplo, fala das pragas do Egito — uma narrativa que pode ter elementos míticos. Mítica, porém, certamente não é a descrição que o historiador Tucídides faz da praga ocorrida em Atenas no quinto século antes de Cristo — uma doença até hoje não bem identificada matou milhares de pessoas. O início da Idade Média, entretanto, foi notavelmente livre de epidemias. O Dr. Ujvari, que constantemente assinala a relação entre doenças e condições socioeconômicas, mostra que isso se devia ao isolamento em que viviam então as pequenas comunidades.

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A História E Suas Epidemias

O autor resgata da luta travada pela humanidade contra os germes ao longo dos séculos, desde a tentativa de compreensão das primeiras epidemias da História.

É possível balizar a História através de grandes ideias. Ou é possível balizar a História por eventos econômicos. Ou pela luta de classes. Mas também é possível balizar a História por meio de doenças que acometem grandes grupos populacionais: as epidemias. É exatamente o que faz Stefan Cunha Ujvari neste A História E Suas Epidemias: A Convivência Do Homem Com Os Micro-Organismos, uma obra que pode ser lida como uma fascinante narrativa da tormentosa convivência entre seres humanos e aqueles invisíveis habitantes do planeta, os germes. Que já estavam aqui, mostra-o o autor, muito antes do Homo sapiens, e que resistiram — e resistem — às mais duras condições.

Há uma bactéria, que responde pelo sugestivo nome de Bacillus infernus, capaz de sobreviver na água fervendo, felizmente sem causar doenças. Existe também a bactéria Micrococcus radiophilus, que se nutre de substâncias radioativas, como urânio e plutônio, e que portanto receberia com festa uma explosão atômica. Não há dúvida de que para seres assim o organismo humano é um refúgio mais do que confortável. É possível que, em relação à nossa espécie, os germes não pretendam mais do que isso, abrigo e algum alimento; não dá para saber, afinal esses microscópicos seres nunca emitiram qualquer declaração a respeito.

O certo, porém, é que em determinadas circunstâncias, e seja por culpa dos germes ou por culpa nossa, ficamos doentes. Mais que isso, em certas condições, uma doença pode se disseminar explosivamente, dando origem àquilo que a humanidade conhece e há longo tempo teme, a epidemia.

O que é uma epidemia? E a ocorrência de casos de uma doença em número superior ao esperado — esperado com base em cálculos, não em adivinhações. Esse conceito é importante. As pessoas, e os grupos sociais, aceitam, ainda que com resignação, que doenças transmissíveis, aquelas causadas por germes, ocorram. Mas quando a doença se espalha de uma forma aparentemente sem controle, quando não se trata apenas de corpos individuais, mas do corpo social, estamos diante de uma situação nova e apavorante, uma situação capaz de levar o caos a cidades, a regiões, a países.

E por isso que as epidemias ficaram registradas na História. O relato bíblico, por exemplo, fala das pragas do Egito — uma narrativa que pode ter elementos míticos. Mítica, porém, certamente não é a descrição que o historiador Tucídides faz da praga ocorrida em Atenas no quinto século antes de Cristo — uma doença até hoje não bem identificada matou milhares de pessoas. O início da Idade Média, entretanto, foi notavelmente livre de epidemias. O Dr. Ujvari, que constantemente assinala a relação entre doenças e condições socioeconômicas, mostra que isso se devia ao isolamento em que viviam então as pequenas comunidades.

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