Ocultista, cientista, profeta, charlatão, filósofo, racista, guru, antissemita, libertador das mulheres, misógino, apóstata de Freud, gnóstico, pós-modernista, polígamo, curador, poeta, falso artista, psiquiatra e antipsiquiatra – do que C. G. Jung ainda não foi chamado? Mencione o nome dele para alguém e é provável que você escute um desses rótulos, pois Jung é alguém a cujo respeito as pessoas têm alguma opinião, consistente ou não. A rapidez do tempo de reação indica que as pessoas reagem à vida e à obra de Jung como se fossem suficientemente conhecidas. Entretanto, a própria proliferação de “Jungs” nos leva a questionar se, de fato, todos estariam falando de uma mesma criatura.
Em 1952, Jung reagiu ao fato de ter sido tão diversamente descrito como religioso, ateu, místico e materialista, com o seguinte comentário: “Em minha forma de ver, quando as opiniões a respeito de um mesmo assunto diferem amplamente, forma-se uma justificada suspeita de que nenhuma delas seja correta, isto é, de que existe um equívoco”. Quase cinquenta anos mais tarde, o número de opiniões e interpretações divergentes sobre Jung multiplicou-se de maneira prodigiosa. Ele se transformou num personagem sobre quem uma infindável sucessão de mitos, lendas, fantasias e ficções continuam a ser tecidas.
Paródias, distorções e caricaturas tornaram-se a norma, e esse processo ainda não está exibindo sinais de enfraquecimento.
Após décadas de construção do mito, uma indagação se torna ainda mais insistente: quem foi C. G. Jung?
Certa vez, quando lhe perguntaram quem era, Miles Davis respondeu que havia mudado o rumo da música várias vezes em sua vida. Algo parecido pode ser dito de Jung. Como psiquiatra, ele teve um papel crucial na formação do conceito moderno da esquizofrenia, e na concepção de que as psicoses têm uma origem psicológica, tornando-se, portanto, tratáveis pela psicoterapia. Enquanto durou sua associação com Freud, foi o principal arquiteto do movimento psicanalítico, inaugurando o rito da análise didática que se tornou a forma predominante de treinamento da psicoterapia moderna.
Jung E A Construção Da Psicologia Moderna: O Sonho De Uma Ciência
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