O preceito que parece reger as ideias de Slavoj Žižek, um dos mais instigantes teóricos marxistas de nosso tempo, é o de que nada do que está em voga no presente deve escapar de minuciosa análise e questionamento. Recentemente, bilhões de dólares foram apressadamente injetados no sistema bancário global em uma tentativa desesperada de estabilização financeira. Por que então não é possível mobilizar essas mesmas forças no combate à pobreza mundial e à crise ambiental?
Notório contestador do liberalismo contemporâneo, Žižek indaga se estamos preparados para um novo futuro neste momento em que a história se impõe sobre nós, primeiro com os ataques do 11 de Setembro, depois com o colapso financeiro mundial de 2008. Sob a ótica desses exemplos, o liberalismo malogra tanto como doutrina política quanto como teoria econômica. A justificativa está no próprio título, que, parafraseando Karl Marx em O 18 de brumário de Luís Bonaparte, desdobra mais uma vez a tese de Hegel de que é preciso haver duas mortes para o fim de uma ideia: o trágico e impossível acontecimento seguido pela sua absurda repetição. Para Žižek, o sistema do capital morreu duas vezes, como tragédia no ataque às torres gêmeas e como farsa no desenrolar da crise mundial.
Neste livro breve porém representativo de seu pensamento político e filosófico, o autor emoldura as falhas morais do mundo moderno com acontecimentos que marcaram a desastrosa primeira década do século XXI. Primeiro como tragédia, depois como farsa é um vigoroso chamado à reinvenção da esquerda sob a luz de nossa realidade histórica. Nele, Žižek vaticina: o tempo para a chantagem liberal e moralista chegou ao fim.
Slavoj Žižek nasceu na cidade de Liubliana, Eslovênia, em 1949. É filósofo, psicanalista e um dos principais teóricos contemporâneos. Transita por diversas áreas do conhecimento e, sob influência principalmente de Karl Marx e Jacques Lacan, efetua uma inovadora crítica cultural e política da pós-modernidade. Professor da European Graduate School e do Instituto de Sociologia da Universidade de Liubliana, Žižek preside a Society for Theoretical Psychoanalysis, de Liubliana, e é diretor internacional do Instituto de Humanidades da Universidade Birkbeck de Londres.
