A Pluriatividade Na Agricultura Familiar

A Pluriatividade Na Agricultura Familiar é o resultado de um trabalho de pesquisa que se iniciou em meados da década de 1990, primeiramente confinado a um estudo de caso no Rio Grande do Sul e, depois, estendido à comparação com outro caso no Estado de Santa Catarina.
Seu tema, as atividades rurais não-agrícolas e o crescimento da pluriatividade das famílias de agricultores, é relativamente recente na literatura brasileira, tendo gerado, nos últimos anos, uma interessante controvérsia que vem alimentando os debates em eventos científicos e gerando profícuas pesquisas acadêmicas sobre o caráter da ruralidade brasileira.


Entre os estudiosos, de um lado, há os que justificam seu desinteresse pelo tema respaldados em argumentos que sustentam que a combinação de múltiplas atividades no seio de uma família de agricultores seria uma característica antiga, praticada desde os tempos do fim do feudalismo, quando passaram a existir as formas familiares autônomas assentadas nas pequenas propriedades de terra, em condições que, mais ou menos, perduram até os dias de hoje.
Os proponentes dessa tese argumentam que a novidade da ruralidade brasileira consiste no reconhecimento social e político do chamado “setor de subsistência”, formado por milhares de pequenos agricultores que teriam sua origem histórica como remanescentes do regime colonial e do escravismo, não tendo sido eliminados nem mesmo pela industrialização e modernização conservadora da agricultura, que, na década de 1990, foram contemplados com a universalização dos direitos previdenciários.
De outro lado, há os que argumentam que a pluriatividade seria uma característica passageira ou transitória, que tenderia a desaparecer na proporção em que avançasse o processo de subordinação da agricultura e do mundo rural à dinâmica urbana e industrial da sociedade contemporânea.
Argumentam que, no Brasil, ao contrário do que teria ocorrido na Europa, o recurso das famílias às atividades não-agrícolas representaria a busca de “empregos de refúgio”, dada a sua fragilidade social e econômica como agricultores e às melhores condições de remuneração oferecidas pelos setores não-agrícolas. Propugnam, por isto, maior esforço ao fortalecimento das atividades agrícolas como meio de inserção dos pequenos agricultores na economia.
Mas há também aqueles que se encantaram com as potencialidades da pluriatividade e das atividades não-agrícolas e seu papel no desenvolvimento rural, esquecendo-se de situar os lugares e os contextos em que estes processos puderam emergir e se desenvolver.
Em geral, esses analistas cometem o pecado da generalização apressada e da associação sem mediações como o que transcorre nos chamados países capitalistas avançados ou desenvolvidos. Observando certas dinâmicas regionais ou territoriais, muitos pesquisadores acabaram salientando a capacidade empreendedora dos agricultores familiares pluriativos vis-à-vis aos demais.

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Entre os estudiosos, de um lado, há os que justificam seu desinteresse pelo tema respaldados em argumentos que sustentam que a combinação de múltiplas atividades no seio de uma família de agricultores seria uma característica antiga, praticada desde os tempos do fim do feudalismo, quando passaram a existir as formas familiares autônomas assentadas nas pequenas propriedades de terra, em condições que, mais ou menos, perduram até os dias de hoje.
Os proponentes dessa tese argumentam que a novidade da ruralidade brasileira consiste no reconhecimento social e político do chamado “setor de subsistência”, formado por milhares de pequenos agricultores que teriam sua origem histórica como remanescentes do regime colonial e do escravismo, não tendo sido eliminados nem mesmo pela industrialização e modernização conservadora da agricultura, que, na década de 1990, foram contemplados com a universalização dos direitos previdenciários.
De outro lado, há os que argumentam que a pluriatividade seria uma característica passageira ou transitória, que tenderia a desaparecer na proporção em que avançasse o processo de subordinação da agricultura e do mundo rural à dinâmica urbana e industrial da sociedade contemporânea.
Argumentam que, no Brasil, ao contrário do que teria ocorrido na Europa, o recurso das famílias às atividades não-agrícolas representaria a busca de “empregos de refúgio”, dada a sua fragilidade social e econômica como agricultores e às melhores condições de remuneração oferecidas pelos setores não-agrícolas. Propugnam, por isto, maior esforço ao fortalecimento das atividades agrícolas como meio de inserção dos pequenos agricultores na economia.
Mas há também aqueles que se encantaram com as potencialidades da pluriatividade e das atividades não-agrícolas e seu papel no desenvolvimento rural, esquecendo-se de situar os lugares e os contextos em que estes processos puderam emergir e se desenvolver.
Em geral, esses analistas cometem o pecado da generalização apressada e da associação sem mediações como o que transcorre nos chamados países capitalistas avançados ou desenvolvidos. Observando certas dinâmicas regionais ou territoriais, muitos pesquisadores acabaram salientando a capacidade empreendedora dos agricultores familiares pluriativos vis-à-vis aos demais.

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