A Ética Filosófica Em Tomás De Aquino

A proposta deste trabalho é mostrar a existência de uma ética filosófica no bojo da teologia moral de Tomás de Aquino, em sua mais acabada formulação, vale dizer, a IIª. parte da Summa Theologiae. A fim de delimitar a nossa temática, importa fazermos algumas considerações.

Não pretendemos expor, sistematicamente, a ética filosófica tomasiana, mas apenas atestar que ela existe. Nem tencionamos apresentar um Tomás unicamente filósofo ou mero comentador de Aristóteles. Chesterton — em sua obra sobre o Aquinate — assevera que ele era reconhecido como um autor, mesmo entre os seus coetâneos: Um arguto observador contemporâneo de Tomás de Aquino afirmou que este “poderia sozinho restaurar toda a filosofia se ela tivesse sido queimada pelo fogo”. É por isso que se diz que Tomás foi um homem original, uma mente criativa: ele poderia ter criado seu próprio universo a partir de pedras e paus, mesmo sem os manuscritos de Aristóteles ou de Agostinho.
Ademais, é inegável que Frei Tomás é, antes de tudo, um teólogo e as suas obras magnas são sumas de teologia, sendo inclusive a sua moral fundamentalmente uma moral teológica. Não há como apagar a afirmação feita na Summa Contra Gentiles: Por isso sirvo-me aqui das palavras de Hilário: Estou consciente de que o principal ofício da minha vida é referente a Deus, de modo que toda palavra minha e todos os meus sentidos dele falem. (I Sobre a Trindade 37; PL 10, 48 D).
O que buscamos evidenciar é que, integrada à sua teologia moral — constituindo parte da sua sabedoria teológica — há uma conceptualidade filosófica, também no âmbito da ética. Eis o nosso escopo: mostrar que, sem prejuízo da teologia propriamente dita, Tomás integra à sua sabedoria teológica uma ética filosófica, a qual permanece — ainda que integrada a uma teologia moral — genuinamente filosófica. O nosso desafio consiste, pois, em demonstrar que Tomás prevê uma ética filosófica; decerto que esta se encontra em sua síntese teológica de uma forma tensa, algures com uma audácia ainda vacilante, mas, alhures, deixando-se manifestar com uma ousadia que não se furta aos olhos de um leitor inquieto: Em todo caso, atrevo-me a apresentar as desventuras e vacilações de Santo Tomás como mais um elo nesta longa caminhada da humanidade cristã na busca de uma justa secularização, isto é, de uma adequada autonomia das realidades profanas.

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A proposta deste trabalho é mostrar a existência de uma ética filosófica no bojo da teologia moral de Tomás de Aquino, em sua mais acabada formulação, vale dizer, a IIª. parte da Summa Theologiae. A fim de delimitar a nossa temática, importa fazermos algumas considerações. Não pretendemos expor, sistematicamente, a ética filosófica tomasiana, mas apenas atestar que ela existe. Nem tencionamos apresentar um Tomás unicamente filósofo ou mero comentador de Aristóteles. Chesterton — em sua obra sobre o Aquinate — assevera que ele era reconhecido como um autor, mesmo entre os seus coetâneos: Um arguto observador contemporâneo de Tomás de Aquino afirmou que este “poderia sozinho restaurar toda a filosofia se ela tivesse sido queimada pelo fogo”. É por isso que se diz que Tomás foi um homem original, uma mente criativa: ele poderia ter criado seu próprio universo a partir de pedras e paus, mesmo sem os manuscritos de Aristóteles ou de Agostinho.
Ademais, é inegável que Frei Tomás é, antes de tudo, um teólogo e as suas obras magnas são sumas de teologia, sendo inclusive a sua moral fundamentalmente uma moral teológica. Não há como apagar a afirmação feita na Summa Contra Gentiles: Por isso sirvo-me aqui das palavras de Hilário: Estou consciente de que o principal ofício da minha vida é referente a Deus, de modo que toda palavra minha e todos os meus sentidos dele falem. (I Sobre a Trindade 37; PL 10, 48 D).
O que buscamos evidenciar é que, integrada à sua teologia moral — constituindo parte da sua sabedoria teológica — há uma conceptualidade filosófica, também no âmbito da ética. Eis o nosso escopo: mostrar que, sem prejuízo da teologia propriamente dita, Tomás integra à sua sabedoria teológica uma ética filosófica, a qual permanece — ainda que integrada a uma teologia moral — genuinamente filosófica. O nosso desafio consiste, pois, em demonstrar que Tomás prevê uma ética filosófica; decerto que esta se encontra em sua síntese teológica de uma forma tensa, algures com uma audácia ainda vacilante, mas, alhures, deixando-se manifestar com uma ousadia que não se furta aos olhos de um leitor inquieto: Em todo caso, atrevo-me a apresentar as desventuras e vacilações de Santo Tomás como mais um elo nesta longa caminhada da humanidade cristã na busca de uma justa secularização, isto é, de uma adequada autonomia das realidades profanas.

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