O termo cabala, do hebraico Qabbalah, é geralmente utilizado para definir a mística judaica e as tradições esotéricas do judaísmo. Entretanto, é conveniente esclarecer-se que, na linguagem talmúdica, Qabbalah significa simplesmente “tradição”, e designa os textos proféticos e hagiográficos da Bíblia sem nenhuma conotação mística ou esotérica (Cf. b. Ta’anit, 17b, e Hagigah, 12b).
O termo só começa a ter um sentido esotérico na Idade Média, especialmente na escola de Isaac l’Aveugle no século XII na Provença, onde ele define o campo da mística teosófica que resulta da seguinte definição formulada por Meir Salomon Ibn Sahula (1330):
Cabe a nós explorar todas as coisas na medida de nossa compreensão e seguir, no que as concerne, o caminho em que se aplicaram aqueles que em nossa geração e nas gerações anteriores, há duzentos anos, se chamam mequballim (cabalistas). Estes dão o nome de Qabbalah à ciência das dez sefirot e da motivação de certos preceitos.
Deduz-se claramente de tal citação que o termo cabala tem sido utilizado, desde o século XII, para designar a mística teosófica surgida e praticada a partir dessa época. A seguir, amplamente difundido entre os cabalistas, o termo passou retroativamente a nomear todos os movimentos esotéricos e todas as formas de mística surgidas no campo do judaísmo, de suas origens até a época mais recente.
Quando se fala de misticismo judaico e esoterismo, também é conveniente esclarecer que a mística designa geralmente uma consecução de etapas ou uma disciplina espiritual que conduz o homem a um contato direto e, no seu extremo, a uma união íntima e experimental com Deus.
O misticismo surge de um desejo de extrapolar os limites comuns do tempo e do espaço para realizar essa comunicação com o divino. Entendida dessa maneira, a mística pode parecer incompatível com o judaísmo, a tal ponto que certos historiadores das religiões puderam contrapor as religiões proféticas cujo protótipo é o judaísmo às religiões místicas como as do Extremo Oriente.
A ideia bíblica da criação parece estabelecer uma distinção radical entre o Criador e a criação. A existência de profetas escolhidos e enviados por Deus dá a impressão de afastar os outros homens da possibilidade de um encontro com o divino. Além disso, o judaísmo histórico, tal como é formulado na tradição rabínica, aparece essencialmente como a religião do Deus único, Criador do mundo, que se manifestou a uma nação eleita outorgando-lhe a Torá.
Cabala
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