Neste livro finalista do Prêmio Jabuti 2016 na categoria Comunicação, Renata Rezende pesquisa como o advento das redes sociais tem atualizado a experiência com a morte, num cenário em que as novas tecnologias vêm transformando os processos comunicacionais e influenciando o cotidiano das pessoas.
A Morte Midiatizada, fruto de sua tese de doutorado, tem como objeto de estudo uma das muitas comunidades criadas no Orkut e, posteriormente, no Facebook, que reúne perfis de pessoas que já morreram, em um verdadeiro “cemitério digital”. A autora percorre a história da morte desde a Idade Média ao que ela classifica como Idade Mídia, para refletir sobre a transformação da experiência do fim da vida, em especial, na contemporaneidade.
Com este instigante livro sobre as ressignificações da morte na era da midiatização, Renata Rezende demonstra que uma pesquisa criteriosa não precisa ceder às fórmulas áridas presentes em tantas obras acadêmicas. Pelo contrário, se desenvolvida sob o signo da sensibilidade, pode harmonizar as exigências da investigação com um olhar filosófico e uma percepção poética.
É o que a autora alcança ao analisar como as apropriações de ferramentas digitais do mundo dos vivos interferem nas experiências em torno da morte, sobretudo quando compartilhadas nos espaços de sociabilidade virtual das redes sociais. Sem deixar escapar a emoção, evidencia que, até na sociedade de telas, monitores e fluxos, a memória afetiva e os sentimentos pelos que partiram teimam em desafiar a certeza da finitude.
Ao construir uma reflexão madura em torno da temática da morte, Renata Rezende mostra que os regimes de historicidade de cada época, concebidos como a maneira como se vive a relação passado, presente e futuro, determinam também como o homem se coloca diante da morte. Nos tempos contemporâneos marcados pela virtualização cotidiana da existência e que produzem alguns sintomas da nossa época, a morte passa a ser produtora de sentidos a partir do mundo virtual.