
A Agricultura Familiar À Mesa apresenta os resultados do projeto de pesquisa A Multifuncionalidade Da Agricultura À Mesa: Hábitos Alimentares E Produção Para Autoconsumo; Identidade E Estratégias De Reprodução Social De Famílias Rurais, levado a cabo na região do Vale do Taquari, Rio Grande do Sul, no período compreendido entre fevereiro de 2004 e fevereiro de 2006.
Tomamos como ponto de partida o entendimento de que o estudo das práticas alimentares das famílias rurais (e das representações sociais a elas relacionadas) constitui-se em caminho interessante para a apreensão de suas percepções a respeito da agricultura, da natureza e do rural, bem como do modo como suas vidas têm sido afetadas pelas mudanças recentes nele ocorridas.
Seriam, então, observadas as práticas de produção e de consumo de alimentos, a produção de alimentos voltada ao autoconsumo, os itens alimentícios habitualmente adquiridos, bem como as manifestações de sociabilidade em que tomam parte os alimentos.
Ainda, as práticas atuais de produção e de consumo de alimentos, e variedades vegetais e animais empregadas na alimentação seriam confrontadas com as de período precedente, anterior ao processo de erosão das biodiversidades e culturas locais, decorrente, em boa medida, da intensificação da produção agropecuária.
Para isso, situações de festas comunitárias ou de práticas de sociabilidade entre vizinhos e parentes, mas também do cotidiano das famílias rurais estudadas, seriam etnografadas; informantes-chave seriam entrevistados, particularmente pessoas idosas, portadoras das histórias locais; assim como o seriam jovens e mulheres, cujas perspectivas específicas procurava-se apreender.
Como comentado no artigo Agricultura Familiar À Mesa, dedicado à apresentação dos resultados obtidos a partir do banco de dados então gerado, as visitas destinadas à aplicação dos formulários seriam, também, oportunidade para “tomar um chimarrão ou provar o vinho da casa; experimentar um queijo, um bolinho frito ou uma cuca; olhar o livro de receitas; conhecer as ervas medicinais utilizadas pela família; ver a horta e as criações; comer frutas; observar a casa e a cozinha; escutar histórias”.
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