A Criminologia Natimorta: Um Ensaio Filosófico Sobre A Linguagem Do Subsolo E Sua É(sté)tica

“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”, a citação dessa epígrafe inventada, retirada do fictício Livro dos Conselhos, apresenta a tarefa que Saramago propõe ao leitor ao longo de cada página do romance “Ensaio Sobre a Cegueira”

: a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam, a capacidade de interpretar o que se vê e de também reparar, consertar, aquilo que precisa ser mudado e visto pelos olhos “cegos” do mundo.
Talvez esteja aí as mãos do movimento ético da Criminologia que se deveria tentar alcançar e que tem sua origem no pensamento crítico filosófico. Porém, muitas vezes inatingível, permanecendo nos limites tênues de uma disciplina (e é neste sentido que consideramos sua morte prematura), como logos de uma racionalidade hegemônica, ela nasce morta, pois, colocando o logos antes da ética, já se rompe a sua possibilidade ética desde o cordão umbilical, no nascimento.
Nosso objetivo é o de ficar fora deste campo, na essência ética do relacionar-se com o outro. Trabalho a ser tecido além-de ou apesar-de, resistência à fórmula que diz o que está dentro ou fora do campo de estudo desta disciplina. E, na forma de ensaio narrativo, procurar a abertura na linguagem para trazer à tona os restos de histórias ouvidas, observadas e, em especial, experenciadas em nossa óptica.
Amplia-se, assim, ou melhor, quebram-se as lentes de uma observação para tornar possível um diálogo entre as margens de uma separação tradicional “academia” e “realidade”.
Desse modo, movimentar as mãos às bordas da arte, embora também questionando o conceito de arte interpelado pelas instituições, e ultrapassar quaisquer barreiras formais impostas pelo tipo de ensino que ainda hoje encontramos acerca da violência e de sua cultura punitiva.
Esbarramos, muitas vezes, nossas teorias na realidade e ali é também a fonte de conhecimento sempre em movimento, é então esta uma divisão impossível, e o novo da experiência fica subsumido ao irrelevante do nada que se apresenta com uma máscara diferente do conhecido – agora – e do real diferente, “a faca que divide o tempo em dois: o antes e o agora”, como disse Otávio Paz.

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“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”, a citação dessa epígrafe inventada, retirada do fictício Livro dos Conselhos, apresenta a tarefa que Saramago propõe ao leitor ao longo de cada página do romance “Ensaio Sobre a Cegueira”: a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam, a capacidade de interpretar o que se vê e de também reparar, consertar, aquilo que precisa ser mudado e visto pelos olhos “cegos” do mundo.
Talvez esteja aí as mãos do movimento ético da Criminologia que se deveria tentar alcançar e que tem sua origem no pensamento crítico filosófico. Porém, muitas vezes inatingível, permanecendo nos limites tênues de uma disciplina (e é neste sentido que consideramos sua morte prematura), como logos de uma racionalidade hegemônica, ela nasce morta, pois, colocando o logos antes da ética, já se rompe a sua possibilidade ética desde o cordão umbilical, no nascimento.
Nosso objetivo é o de ficar fora deste campo, na essência ética do relacionar-se com o outro. Trabalho a ser tecido além-de ou apesar-de, resistência à fórmula que diz o que está dentro ou fora do campo de estudo desta disciplina. E, na forma de ensaio narrativo, procurar a abertura na linguagem para trazer à tona os restos de histórias ouvidas, observadas e, em especial, experenciadas em nossa óptica.
Amplia-se, assim, ou melhor, quebram-se as lentes de uma observação para tornar possível um diálogo entre as margens de uma separação tradicional “academia” e “realidade”.
Desse modo, movimentar as mãos às bordas da arte, embora também questionando o conceito de arte interpelado pelas instituições, e ultrapassar quaisquer barreiras formais impostas pelo tipo de ensino que ainda hoje encontramos acerca da violência e de sua cultura punitiva.
Esbarramos, muitas vezes, nossas teorias na realidade e ali é também a fonte de conhecimento sempre em movimento, é então esta uma divisão impossível, e o novo da experiência fica subsumido ao irrelevante do nada que se apresenta com uma máscara diferente do conhecido – agora – e do real diferente, “a faca que divide o tempo em dois: o antes e o agora”, como disse Otávio Paz.

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