
Diálogo, uma comunicação estabelecida entre duas ou mais pessoas sobre um tema. Uma troca de conhecimentos, experiências, uma aprendizagem a partir do olhar do outro, assim foi a gênese deste livro que intitulamos Diálogos Sobre Bibliometria E Cientometria. Nosso diálogo começa a partir do olhar e do domínio de conhecimento de cada autor, com as narrativas que compõem essa coletânea estabelecendo uma interlocução entre vários objetos de estudo, tendo a bibliometria e a cientometria como fio condutor.
O marco inicial da bibliomentria data de 1917, com o estudo pioneiro de Francis J. Cole e Nellie B. Eales. O estudo consistia em uma análise quantitativa de uma bibliografia acerca da Anatomia Comparada, publicada entre 1550 e 1860. Podemos inferir que com esse estudo surgiu o primeiro indicador bibliométrico, ou seja, a contagem absoluta do número de referências − embora nesse ano o termo bibliometria ainda não existisse.
No ano de 1934 Paul Marie Gislain Otlet, ou Paul Otlet, como é conhecido, cunhou o termo bibliometria, dedicando ao tema um capítulo em seu livro Traité de Documentation. É oportuno esclarecer que, em 1986, Edson Nery da Fonseca traduziu esse capítulo e publicou em seu livro intitulado Bibliometria: teoria e prática, contudo, coube a Alan Pritchard a disseminação e conceituação do termo em seu artigo “Statistical bibliography ou bibliometrics?”, publicado em 1969.
A bibliometria na década de 1930 tinha um viés aplicado à prática de gestão de coleções em bibliotecas, como exemplo podemos citar o estudo efetuado pelo bibliotecário britânico Samuel Clement Bradford em coleções de periódicos, identificando os títulos de periódicos mais relevantes, contribuindo desse modo para sua seleção e manutenção.
Bradford, em 1934, publicou o resultado do seu estudo, conhecido atualmente como Lei de Bradford, em seu livro Documentation. Sua contribuição propicia ao bibliotecário insumos para a tomada de decisão, em termos de desenvolvimento de coleções e para o pesquisador o conhecimento de um núcleo forte de títulos de periódicos em sua área de atuação.
Na década de 1960 inicia-se uma nova fase para a Bibliometria, tendo as citações como objeto de estudo, impulsionada pela criação do Science Citation Index elaborado por Eugene Garfield. Posteriormente, estudo de citações foi empregado pelo físico e historiador da ciência Derek de Solla Price, resultando em estudos de natureza cientométrica.
Hoje, a bibliometria/cientometria apresenta estrutura metodológica com potencial para desenvolver estudos no campo científico em escala macro e/ou micro. Ressalta-se ainda que, com o avanço da tecnologia e dos sistemas automatizados de informação e comunicação, o acesso a bases de dados, softwares específicos de análise de dados e o trabalho em redes colaborativas contribuíram para o avanço dos estudos bibliométricos e cientométricos.
