Movimentos De Demolição

Em Movimentos De Demolição, de Rafaela Scardino Lima Pizzol, são estudados fenômenos da cidade pós-moderna tomando por base a literatura e sua escrita.

Georg Simmel nos dizia que, na cidade moderna, o sujeito “poderia descobrir e experimentar a subjetividade de forma livre”, ou seja, poderia “aparecer” e, portanto, fazer com que diversas formas de práticas da subjetividade viessem a lume.

A cidade moderna foi pensada e experimentada de modo a tornar-se “lugar de cultura, abrigo e produção”.

Espaço em que seria possível não apenas dar vazão aos mundos do sujeito, suas possibilidades e práticas, mas, sobretudo, local de encontro da diversidade de produtos e afetos e, também, de modos de existência; quer dizer, na cidade moderna, tonava-se possível o estabelecimento do prazer de um sujeito em estado de libertação e descoberta e ainda local maior da produção e da cultura.

A performance do desejo e a criação dos bens, neste sentido, estariam garantidas e caracterizariam o que se chamou (e tanto se sonhou) de “cidade moderna”.

Na modernidade, a cidade deveria ser vista, construída, vivida, percorrida, descoberta, letrada, cultuada e produzida, talvez, do nada, como Brasília, signo maior da arquitetura moderna que sonhou e produziu a cidade impactante e exata, para ser vivida em cada um de seus visíveis espaços e admirada como a mais alta produção da cultura e da inteligência.

A cidade ao longo de sua história moderna foi compreendida como o lugar da cultura e da circulação, da produção e fruição de bens e local privilegiado para experiência de possibilidades diversificadas das práticas subjetivas em maior estado de liberdade.

Em outras palavras, o que Simmel nos fazia ver na cidade moderna era que com todos os seus caminhos, passagens, fábricas, prédios, corredores, zonas obscuras e lugares invisíveis, o sujeito poderia manifestar-se, incluindo no espaço os seus desejos, conflitos e descobertas.

Na cidade, dar-se-ia, então, o encontro com mundos possíveis, espontâneos e desconhecidos de subjetividade e, ainda, a construção da cultura moderna e sua infinita diversidade e originalidade.

Rafaela Scardino, neste preciso e arguto trabalho, percebe que a cidade pós-moderna, diferente e, certamente, ao contrário da cidade moderna, não mais pode ser vista, sentida e experimentada como “abrigo”.

Se Simmel pudesse analisar o mundo espacial pós-moderno hoje, veria que os “abrigos” tornaram-se redutos do medo; constataria que a construção dos caminhos delimita espaços de problemáticos deslocamentos e, ainda, que a cidade não poderia mais ser considerada o grande lugar de proteção, ou de “solução” para diversos problemas, sequer de descanso e construção de práticas subjetivas em estado de autonomia e descoberta.

Em Movimentos De Demolição, são estudados fenômenos da cidade pós-moderna tomando por base a literatura e sua escrita, a constituição das identidades, os deslocamentos e, claro, as possibilidades de criação de sentido e significação do sujeito pós-moderno.

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A cidade moderna foi pensada e experimentada de modo a tornar-se “lugar de cultura, abrigo e produção”.

Espaço em que seria possível não apenas dar vazão aos mundos do sujeito, suas possibilidades e práticas, mas, sobretudo, local de encontro da diversidade de produtos e afetos e, também, de modos de existência; quer dizer, na cidade moderna, tonava-se possível o estabelecimento do prazer de um sujeito em estado de libertação e descoberta e ainda local maior da produção e da cultura.

A performance do desejo e a criação dos bens, neste sentido, estariam garantidas e caracterizariam o que se chamou (e tanto se sonhou) de “cidade moderna”.

Na modernidade, a cidade deveria ser vista, construída, vivida, percorrida, descoberta, letrada, cultuada e produzida, talvez, do nada, como Brasília, signo maior da arquitetura moderna que sonhou e produziu a cidade impactante e exata, para ser vivida em cada um de seus visíveis espaços e admirada como a mais alta produção da cultura e da inteligência.

A cidade ao longo de sua história moderna foi compreendida como o lugar da cultura e da circulação, da produção e fruição de bens e local privilegiado para experiência de possibilidades diversificadas das práticas subjetivas em maior estado de liberdade.

Em outras palavras, o que Simmel nos fazia ver na cidade moderna era que com todos os seus caminhos, passagens, fábricas, prédios, corredores, zonas obscuras e lugares invisíveis, o sujeito poderia manifestar-se, incluindo no espaço os seus desejos, conflitos e descobertas.

Na cidade, dar-se-ia, então, o encontro com mundos possíveis, espontâneos e desconhecidos de subjetividade e, ainda, a construção da cultura moderna e sua infinita diversidade e originalidade.

Rafaela Scardino, neste preciso e arguto trabalho, percebe que a cidade pós-moderna, diferente e, certamente, ao contrário da cidade moderna, não mais pode ser vista, sentida e experimentada como “abrigo”.

Se Simmel pudesse analisar o mundo espacial pós-moderno hoje, veria que os “abrigos” tornaram-se redutos do medo; constataria que a construção dos caminhos delimita espaços de problemáticos deslocamentos e, ainda, que a cidade não poderia mais ser considerada o grande lugar de proteção, ou de “solução” para diversos problemas, sequer de descanso e construção de práticas subjetivas em estado de autonomia e descoberta.

Em Movimentos De Demolição, são estudados fenômenos da cidade pós-moderna tomando por base a literatura e sua escrita, a constituição das identidades, os deslocamentos e, claro, as possibilidades de criação de sentido e significação do sujeito pós-moderno.

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