Os Bispos Católicos E A Ditadura Militar Brasileira

As leituras que vinculam a atuação da Igreja Católica no Brasil na década de 1970 à oposição ao regime militar (1964-85) são predominantes na imprensa e em grande parte dos trabalhos acadêmicos. De fato, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) teve um papel fundamental na contestação do arbítrio dos governos militares, sobretudo após 1968.


Depois do fechamento do regime, a partir do AI-5, a Igreja Católica tornou-se, em certa medida, um dos poucos espaços que permitiam o exercício de uma resistência democrática. No entanto, é preciso chamar a atenção para algumas nuanças que marcavam as relações entre a Igreja e o Estado brasileiro naqueles anos.
Se o apoio que membros da hierarquia católica deram ao golpe tendeu a se desvanecer com o passar dos anos, não há dúvida de que alguns deles continuaram sustentando o regime ao longo de toda a sua duração. Por outro lado, alguns integrantes do episcopado tiveram importância fundamental na oposição ao regime militar.
Bispos como dom Hélder Câmara, dom Paulo Evaristo Arns, dom Ivo Lorscheiter, dom Waldyr Calheiros, dom Pedro Casaldáliga, entre outros, adotaram diversas estratégias de atuação, que iam da denúncia da tortura no Brasil e no exterior até o uso de sua força simbólica na defesa de presos políticos ou mesmo dos direitos dos povos indígenas.
O fato de a religião católica ser aquela com o maior número de fiéis no Brasil, de estar presente em todo o território nacional e de atingir todas as camadas sociais, somado à existência de uma união histórica entre a Igreja e o poder temporal no país, não impediu que determinados bispos fossem acusados de subversão e, em consequência, perseguidos pelos órgãos repressivos.
Contudo, mesmo que tais bispos fossem extremamente visados pelos órgãos de informações, não podiam ser tratados pela polícia política da mesma maneira que outros “inimigos” do regime, já que contavam com o grande prestígio natural que sua posição lhes conferia. Baseando-nos nessas questões, o capítulo 1 tratará da história das relações entre a Igreja e o Estado brasileiro, sobretudo no período da ditadura militar, e ainda discutirá os diferentes posicionamentos que os bispos católicos adotaram com relação ao regime.

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Depois do fechamento do regime, a partir do AI-5, a Igreja Católica tornou-se, em certa medida, um dos poucos espaços que permitiam o exercício de uma resistência democrática. No entanto, é preciso chamar a atenção para algumas nuanças que marcavam as relações entre a Igreja e o Estado brasileiro naqueles anos.
Se o apoio que membros da hierarquia católica deram ao golpe tendeu a se desvanecer com o passar dos anos, não há dúvida de que alguns deles continuaram sustentando o regime ao longo de toda a sua duração. Por outro lado, alguns integrantes do episcopado tiveram importância fundamental na oposição ao regime militar.
Bispos como dom Hélder Câmara, dom Paulo Evaristo Arns, dom Ivo Lorscheiter, dom Waldyr Calheiros, dom Pedro Casaldáliga, entre outros, adotaram diversas estratégias de atuação, que iam da denúncia da tortura no Brasil e no exterior até o uso de sua força simbólica na defesa de presos políticos ou mesmo dos direitos dos povos indígenas.
O fato de a religião católica ser aquela com o maior número de fiéis no Brasil, de estar presente em todo o território nacional e de atingir todas as camadas sociais, somado à existência de uma união histórica entre a Igreja e o poder temporal no país, não impediu que determinados bispos fossem acusados de subversão e, em consequência, perseguidos pelos órgãos repressivos.
Contudo, mesmo que tais bispos fossem extremamente visados pelos órgãos de informações, não podiam ser tratados pela polícia política da mesma maneira que outros “inimigos” do regime, já que contavam com o grande prestígio natural que sua posição lhes conferia. Baseando-nos nessas questões, o capítulo 1 tratará da história das relações entre a Igreja e o Estado brasileiro, sobretudo no período da ditadura militar, e ainda discutirá os diferentes posicionamentos que os bispos católicos adotaram com relação ao regime.

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