
Em 2019, no âmbito das atividades do 30º Simpósio Nacional de História da Associação Nacional de História, o Simpósio Temático Povos Indígenas, Gênero E Violências: histórias marginais, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Beatriz dos Santos de Oliveira Feitosa (UFR) e pelo Prof. Dr. Thiago Leandro Vieira Cavalcante (UFGD), reuniu estudiosos(as) da temática indígena.
O objetivo do simpósio foi promover o diálogo entre histórias construídas nas bordas do tecido colonial, portanto, marcadas de permanências, de mudanças e, sobretudo, de contestações do colonialismo e da colonialidade. Igualmente, pretendia evidenciar as violências dirigidas aos povos indígenas, sejam elas físicas, morais, epistêmicas, simbólicas ou materiais, assim como todas as outras formas possíveis, incluindo a ineficácia do Estado brasileiro para demarcar e proteger as terras indígenas.
No presente livro reunimos alguns dos estudos lá apresentados, os quais interseccionem as categorias “povos indígenas”, “gênero”, “violência”, “educação” e “ensino de história”, na intenção de apresentar respostas à situação indígena ao longo dos 518 anos de colonialismo. Em especial, os fatos mais recentes desta situação têm demandado dos(as) historiadores(as) uma visão crítica do processo histórico dos povos indígenas no Brasil.
Thiago Leandro Vieira Cavalcante apresenta críticas às abordagens da História Indígena nas narrativas curriculares do ensino de História. Cássio Knapp aborda a cultura escrita, seus usos e apropriações pelos indígenas nas Reduções Jesuítico-Guarani.
Considerando o Relatório Figueiredo como fonte histórica, Andressa de Rodrigues Flores mostra a potencialidade do mesmo para pesquisa histórica abrangendo os Postos Indígenas do Rio Grande do Sul; e Beatriz dos Santos de Oliveira Feitosa e Joádila Albino de Souza abordam a violência contra os povos indígenas no processo de expansão da fronteira para o interior do Brasil.
Tendo em vista a relação presente-passado, Eduardo Gomes da Silva Filho apresenta uma proposta de estudo acerca dos lugares de memória dos Waimiri-Atroari mediada pelas denúncias de lideranças Waimiri-Atroari junto ao Ministério Público Federal. Adriano Mafra e Carlos Eduardo Bartel analisam e mostram os conflitos interétnicos entre Xoklengs e imigrantes europeus e seus descendentes a partir da formação da colônia Hansa-Hamônia no Alto Vale do Itajaí (SC).
Janaina Ferreira dos Santos da Silva explicita motivos para a produção fílmica etnográfica de William Gericke sobre os Kalapalo nos anos 1950, sob o pano de fundo da relação entre a indígena Diacuí (-1953) e o sertanista Ayres (1915-). E Paula Faustino Sampaio propõe uma interpretação para os dados da violência sexual contra indígenas apresentados pelos Relatórios Violência contra os Povos Indígenas no Brasil.
Em grande medida, trata-se de um esforço analítico e interpretativo interdisciplinar e interseccional relevador de histórias marginais.
