
Os processos de tornar-se aluno, mediados pelas identidades e pertencimentos, é o objeto desse estudo. O desenvolvimento desse estudo voltou-se para compreender esses processos e melhor informar, principalmente, aos que dela participam na construção de espaços e saberes que privilegiem o sujeito aluno e, possivelmente, redimensionar o papel da escola e dos professores no atual contexto sócio-educacional brasileiro.
Sociedades em todo o planeta têm se despedaçado em antagonismos e desigualdades. Os efeitos da pobreza, ganância, exploração, violência e dominação tornaram-se presentes em nosso dia a dia.
Não está em algum lugar virtual como gostaríamos, mas aqui, “real”, perto de nós, em nossas instituições. Eles são marcas indeléveis em nossas mentes, atos, desejos e aspirações. A escola e seus sujeitos não ficam imunes a eles.
Como professores, psicólogos, pesquisadores, temos a responsabilidade de acolher, cuidar e buscar alternativas para melhorar a vida daqueles que acreditam que somos capazes de orientá-los de modo mais seguro diante das incertezas e das crises.
O trabalho desenvolvido por Paula Castro, traduzido neste livro, merece sair das imóveis prateleiras das universidades e fazer parte da mesa de cabeceira de cada educador, pesquisador, mãe, pai, avó, avô que acredita no poder transformador da educação.
Conhecer a trajetória de alunos entre os diferentes segmentos da escolarização, delinear modos de pertencimento, de construção da identidade e de resiliência são os pressupostos que orientam este livro.
Muitos acreditam que transformar um trabalho acadêmico em livro é tarefa difícil, mas torná-lo de fácil leitura é ainda mais complexo. Entretanto, o texto de Castro é descomplicado e acessível para todos aqueles que, um dia, pertenceram aos bancos escolares.
Ela consegue utilizar a literatura acadêmica de modo rigoroso sem, no entanto, desprezar os leitores menos favorecidos academicamente.
Descreve memórias, eventos, fotos, fatos que a maioria de nós já viveu, transportando-nos para um universo bem conhecido nosso: ser aluno.
O trabalho de pesquisa, apresentado no livro, inspirará pesquisadores a seguirem os passos apresentados nele, visto que, seguramente, Castro percorre a trajetória de uma Etnografia bem demarcada, fazendo uso de instrumentos etnográficos, mas ampliando-os para situá-los num contexto multimodal e interdisciplinar.
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