A obra do Padre Antônio Vieira (1608-1697) é vasta em criação, disposição e extensão, circunscrevendo-se em sermões, tratados, cartas e outros discursos. Faço aqui um breve percurso em que se apresentam alguns aspectos dessa obra e, da mesma forma, alguns nomes daqueles que dela têm cuidado nesses últimos tempos, também como forma de continuar o interesse dos que leem Vieira a partir daquilo que é mais conhecido: alguns sermões.
Os sermões encontram-se em edições que contemplam desde fac-símile dos volumes organizados pelo próprio jesuíta a partir de 1679 – continuados por André de Barros, colega de ordem, e encerrada em 1748 – até edições recentes que selecionam os sermões segundos critérios de organizadores especializados na obra vieiriana e que nessas especialidades conduzem as escolhas (uma ordem da qual não posso escapar). Do mesmo modo, a chamada obra profética de Antônio Vieira tem recebido especial atenção dos editores, apresentando a leitores este conjunto de textos de densidade diferente da obra parenética e que, a meu ver, resiste a uma organização por meio de extratos, uma vez que respondem a uma ação retórica circunscrita na defesa perante o Tribunal do Santo Ofício, em que o jesuíta sofreu processo oficialmente do ano de 1660 a 1667.
Os estudiosos, por meio de posturas críticas e interpretativas diversas, comumente compreendem e dividem no conjunto dos papéis proféticos do jesuíta a massa textual escrita nesse período e editada como História do Futuro, Livro Anteprimeiro da História do Futuro, Defesa Perante o Tribunal do Santo Ofício, Defesa do Livro Intitulado Quinto Império e Apologia das Coisas Profetizadas1. Antes desses textos, a carta datada de 1659 e intitulada Esperanças de Portugal é tida por muitos como o início de todo esse processo, não só o inquisitorial, mas do plano profético do jesuíta: o Quinto Império. Outros o situam antes mesmo, em sermões do início da prática oratória de Vieira. Encerrado o processo, o jesuíta ainda compôs a considerada Carta Apologética ao Padre Jácome Iquazafigo que junto àquela se encontra nos volumes de cartas organizados e publicados por João Lúcio de Azevedo em 1925 e que receberam nova edição recentemente.
Sermões: Seleta
- Filosofia, História, Religião
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