Míriam Cristina Carlos Silva & Outros (Orgs.) – Umberto Eco Em Narrativas
Este livro tem como proposta tentar agrupar algumas das influências do pensamento de Eco, mostrando onde ele nos tocou e ainda toca.
A escolha do nome de Eco para esta coletânea, se deu por ser tanto um teórico sobre narrativas quanto um narrador, já que o autor possui em seu currículo tanto debates acadêmicos que são, ainda hoje, aplicados nos estudos sobre narrativas, quanto uma extensa obra como romancista.
Eco foi um pensador livre, que não se prendeu em uma (mercado)lógica de compartimentalização do conhecimento.
Transitou pela filosofia, semiótica, linguística, entre outras áreas. Tampouco se restringiu a um único objeto de estudo, tendo escrito textos sobre literatura, histórias em quadrinhos e metodologia, para citar alguns exemplos.
E isso se reflete nos textos recebidos para esta coletânea. E isso reflete nos textos recebidos para esta coletânea, que foram dispostos em um único eixo, na medida em que todos dialogam com o pensador e compartimentalizar sua influência seria ignorar a potência criativa e independente da trajetória de Eco.
Eco, a ninfa condenada a passar a eternidade no fundo de uma caverna escura, análoga à alegoria de Platão, não tem voz própria, apenas ecoa o que ouve. Não trás nada de novo, e tampouco é vista por aqueles que estavam fora dela.
Eco, o pensador, não. Certamente, foi um dos eruditos em maior evidência do nosso tempo. Sua fama como romancista faz com que muitas pessoas de fora do âmbito acadêmico nem conheçam sua trajetória como pesquisador, e ainda assim sejam afetadas por sua obra.
Essa inquietação também se evidencia nesse livro. Seja na esfera do acadêmico que permeia os Programas de Pós-Graduação do Brasil, seja na esfera do romancista que é debatido em alguns dos textos aqui presentes, a presença de Eco é inquestionável, como alguém que marcou, e marca, fundo a reflexão sobre narrativas.
Marca também outras, certamente, embora aqui tenha sido o alcance de nosso fôlego.