A Crítica Que Fez História: As Associações Literárias No Oitocentos
– Esta obra tem como objetivo analisar o papel que desempenhou a crítica literária na construção da cultura escrita do Oitocentos brasileiro, a partir do pressuposto de que a literatura foi a principal forma de expressão, conhecimento e reconhecimento do Brasil enquanto nação naquele período. Milena da Silveira Pereira busca apreender em que medida o gênero, então insipiente, foi conduzido por princípios regulares e buscou definir, forjar ou mesmo inventar uma cultura escrita e uma nacionalidade brasileiras.
Para a autora, a crítica literária assumiu no século 19 uma posição equivalente à de tutora dos escritores, inclusive traduzindo os anseios e projetos da sociedade, ou seja, teria pretendido ajudar a delinear as feições do literato.
Boa parte do discurso crítico produzido naquele período, pontua ela, foi publicada em periódicos editados pelas sociedades literárias de São Paulo e Rio de Janeiro e por esse motivo tais textos constituem o corpus documental da obra, que dedica um capítulo específico a esses veículos. Segundo Silveira Pereira, além de grande peso como instrumento legitimador e de manutenção da prática de associar-se dos letradosdaquele tempo, os periódicos desempenharam papel importante na divulgação de seus escritos para públicos mais amplos, contribuindo assim para a consolidação da crítica literária enquanto tal e das ideias que o gênero textual procurava disseminar.
A Crítica Que Fez História resulta de um longo período de estudos que teve por interesse central as formas de conhecimento, representação e invenção do Brasil ao longo do século XIX. O ponto central, nos estudos de Milena da Silveira Pereira, constituiu em explorar o lugar ocupado pela crítica literária no período, tendo em vista a sua importância para os caminhos que foram sendo delineados e perseguidos na constituição dos campos de saber e das formas de pensar o todo chamado Brasil.