
As Literaturas Infantil E Juvenil… Ainda Uma Vez nasce como resultado das discussões realizadas nas mesas redondas durante o CENA 3 e como contribuição teórica para os estudos sobre as literaturas infantil e juvenil. Dividido em seis seções, o livro coloca em movimento textos sobre a produção, circulação e recepção da literatura produzida para crianças e jovens.
Alguns textos que não foram frutos dos debates do colóquio – como o de Graça Paulino e o de Lygia Bojunga, às quais agradecemos imensamente a generosidade em nos concedê-los – somam-se aos outros de forma a incitar em nós olhares sobre essas literaturas.
A primeira seção compõe-se do texto “Formação de leitores: a questão dos cânones literários”, de Graça Paulino. Esse texto tem, para nós, professores de literatura e de disciplinas relacionadas à prática do ensino da literatura, uma enorme importância, na medida em que, de forma inaugural, delineia a noção de letramento literário, bem como discute com propriedade as consequências culturais do distanciamento existente entre os cânones estéticos e os escolares referentes à literatura juvenil no contexto brasileiro.
A segunda seção é dedicada ao mineiro Bartolomeu Campos de Queirós, autor de uma vasta e premiada obra, sempre marcada por um trabalho com a palavra que traz o rigor da poesia ao texto narrativo. Sua atuação não se restringe ao campo da produção literária, também se engajou ativamente em políticas e práticas culturais, referentes à circulação e à leitura do texto literário. Como ele nos diz: “Criar, para mim, é a alternativa derradeira para abrandar o peso do não-sabido. E eu tenho um desejo imenso de alterar a comunidade em que vivo.”
A terceira seção é um espaço destinado ao testemunho do artista relacionado à sua experiência criadora, no campo da literatura infantil e juvenil. Como os livros para crianças e jovens apresentam, em grande parte, um diálogo entre o texto verbal e o não-verbal, duas vozes se fazem necessárias para compor esse testemunho: uma, tecelã de palavras – Lucia Castello Branco; outra, iluminadora de imagens – Maria José Boaventura.
Continuando esse diálogo instigado pelas artistas, a quarta seção contempla, sob o olhar da crítica literária, a complexa relação entre palavra e imagem, seja numa parceira como a de Arnaldo Antunes com seus filhos, seja naquela de Lygia Bojunga e Regina Yolanda.
E é com Lygia que a quinta seção toma corpo, debruçando-se sobre a leitura de alguns de seus livros. Podemos, hoje, sem medo, afirmar que Lygia Bojunga é uma das mais importantes escritoras brasileiras. Criadora de uma obra pujante e singular, o seu fazer literário (e agora, também, livresco) enreda-nos pelos efeitos de uma sofisticada depuração tanto formal quanto linguageira.
Ainda uma vez mais… com Lygia, e incitados por sua obra, acabamos por dar a este livro um “depois do fim”: no “Pra você que nos lê”, caro leitor, você será presenteado com uma carta de Lygia.
