No Cinema

No Cinema - O cinema representou, para Mário de Andrade, um novo meio cujas potencialidades de expressão artística mereceram-lhe pesquisa e estudo.

Além de paradigma para se pensar o processo de criação poética e ficcional, o cinema representou, para Mário de Andrade, um novo meio cujas potencialidades de expressão artística mereceram-lhe pesquisa e estudo.

O autor modernista chegou a exercer, de forma esporádica, a crítica à sétima arte, e é uma compilação desses seus textos que estão reunidos nesta obra.

Em 1922, Mário de Andrade (1893-1945) fez a seguinte ressalva ao filme "Do Rio a São Paulo para Casar", do diretor paulista José Medina: "Acender fósforos no sapato não é brasileiro. Apresentar-se um rapaz à noiva, na primeira vez que a vê, em mangas de camisa, é imitação de hábitos esportivos que não são nossos".

E aconselha: "É preciso compreender os norte-americanos e não macaqueá-los. Aproveitar deles o que têm de bom sob o ponto de vista técnico e não sob o ponto de vista dos costumes".

A pequena crítica, publicada na revista "Klaxon" sob o pseudônimo R. de M., não é feita só de repreensões e termina assim: "Aplauso muito sincero. Seguiremos com entusiasmo os progressos da cinematografia paulista".

Não foi o que ocorreu. O autor desistiu de comentar filmes brasileiros, embora não tenha parado de escrever críticas de cinema até 1943, dois anos antes de sua morte, aos 51 anos.

Não foram muitas e foram esporádicas. Esses textos formam, porém, no conjunto, uma das reflexões mais importantes a respeito da arte cinematográfica feitas no Brasil na primeira metade do século 20.

É de espantar que só agora tenham sido reunidas em livro, graças à iniciativa do pesquisador Paulo José da Silva Cunha e da editora Nova Fronteira. Boa parte delas já era conhecida, como "Fantasia de Walt Disney", de 1941, uma das melhores análises já feitas do desenho animado.

Apenas um texto é inédito: uma segunda reescritura do artigo "Caras", de 1934. Além de permitir a leitura organizada das críticas de Mário de Andrade, o mérito da coletânea é ressaltar a seriedade e o interesse que ele dedicou à "sétima arte", numa época em que ainda era discutida a validade artística daquela nova linguagem.

Muito bem informado a respeito dos debates que a inteligentsia europeia travava sobre o cinema, o escritor se aproximava dos filmes sem preconceito, buscando entender as suas especificidades estéticas bem como as suas relevâncias culturais e sociais.

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O autor modernista chegou a exercer, de forma esporádica, a crítica à sétima arte, e é uma compilação desses seus textos que estão reunidos nesta obra.

Em 1922, Mário de Andrade (1893-1945) fez a seguinte ressalva ao filme “Do Rio a São Paulo para Casar”, do diretor paulista José Medina: “Acender fósforos no sapato não é brasileiro. Apresentar-se um rapaz à noiva, na primeira vez que a vê, em mangas de camisa, é imitação de hábitos esportivos que não são nossos”.

E aconselha: “É preciso compreender os norte-americanos e não macaqueá-los. Aproveitar deles o que têm de bom sob o ponto de vista técnico e não sob o ponto de vista dos costumes”.

A pequena crítica, publicada na revista “Klaxon” sob o pseudônimo R. de M., não é feita só de repreensões e termina assim: “Aplauso muito sincero. Seguiremos com entusiasmo os progressos da cinematografia paulista”.

Não foi o que ocorreu. O autor desistiu de comentar filmes brasileiros, embora não tenha parado de escrever críticas de cinema até 1943, dois anos antes de sua morte, aos 51 anos.

Não foram muitas e foram esporádicas. Esses textos formam, porém, no conjunto, uma das reflexões mais importantes a respeito da arte cinematográfica feitas no Brasil na primeira metade do século 20.

É de espantar que só agora tenham sido reunidas em livro, graças à iniciativa do pesquisador Paulo José da Silva Cunha e da editora Nova Fronteira. Boa parte delas já era conhecida, como “Fantasia de Walt Disney”, de 1941, uma das melhores análises já feitas do desenho animado.

Apenas um texto é inédito: uma segunda reescritura do artigo “Caras”, de 1934. Além de permitir a leitura organizada das críticas de Mário de Andrade, o mérito da coletânea é ressaltar a seriedade e o interesse que ele dedicou à “sétima arte”, numa época em que ainda era discutida a validade artística daquela nova linguagem.

Muito bem informado a respeito dos debates que a inteligentsia europeia travava sobre o cinema, o escritor se aproximava dos filmes sem preconceito, buscando entender as suas especificidades estéticas bem como as suas relevâncias culturais e sociais.

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