
Contemplatio: contemplação, exame aprofundado, consideração, ação de ver, ato de observar atentamente. Contemplação (etimologicamente) significa visão, logo, o termo contemplatio, escolhido para o título desta coletânea, deve ser compreendido no seu sentido mais lato e com todas as nuances que comporta.
Aqui se oferece uma visão (nove visões) da Filosofia Medieval e, deste modo, todos os textos são o resultado de um exame aprofundado dos seus autores que, com uma serena consideração, foram capazes de contemplar a sabedoria dos filósofos aqui estudados.
Além disso, a contemplatio dos estudiosos só estará plenamente realizada com a contemplatio dos leitores, pois a ação de ver, neste caso, exige uma reciprocidade.
Feito este esclarecimento, é preciso registrar que a coletânea que ora se publica é fruto de um trabalho conjunto: medievalistas das mais diferentes regiões do Brasil e do mundo; a UEPB que tem apoiado as atividades desenvolvidas pelo Principium – Núcleo de Estudo e Pesquisa em Filosofia Medieval; a Editora desta Universidade, que acreditou no resultado do nosso trabalho.
Oscilando no imaginário popular entre as trevas da ignorância e o lendário universo do rei Arthur, a Idade Média aparece, na maioria das vezes, entre o sombrio e o maravilhoso, não sendo, na verdade, nem uma coisa nem outra.
Neste sentido, nos textos aqui apresentados, procura-se situar a Filosofia realizada no Medievo no locus que lhe é próprio, ou seja, nem escuridão nem deslumbramento, nem inferno nem paraíso, mas reflexão dos homens no seu tempo: tempo do mundo, tempo dos homens, tempo de Deus, tomando de empréstimo uma outra coletânea sobre a Filosofia Medieval organizada pelo Professor José Antônio Camargo Rodrigues de Souza.
Assim, com os estudos aqui publicados não se pretende dar conta dos mil anos (do século V ao século XV – sem entramos na discussão sobre os problemas filosóficos que podem decorrer de uma tal limitação cronológica) que compreendem a Idade Média, mas se propõe dar a conhecer um pouco da riqueza do pensamento medieval, nas suas mais variadas vertentes, possibilitando aos futuros leitores, de algum modo, uma outra visão de um saber que contribuiu com a fundamentação do nosso modo de pensar e, portanto, de fazer Filosofia.
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