O Serviço Social brasileiro muito avançou nas últimas décadas em termos de seu amadurecimento teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo, produção e socialização do conhecimento na área, discussão e construção de um projeto ético-político que tem, notadamente, uma direção social que se alinha a um projeto societário sustentado nos princípios de liberdade, emancipação humana, defesa dos direitos humanos, democracia, ampliação e consolidação da cidadania, socialização da riqueza produzida.
Como frutos desse processo brotam muitas literaturas de autores brasileiros sobre fundamentos teórico-metodológicos da profissão, sua historiografia, pesquisa social, análise de conjuntura, avaliação de políticas públicas, discussão sobre ética, dentre tantos outros. Entretanto, ainda há campos e temas a serem aprofundados, que demandam maiores investigações e produções literárias, como é o caso da formação profissional, do debate da formação generalista, do trato das atribuições privativas, do espaço da docência na formação profissional etc.
Maria Gracileide Alberto Lopes, em sua trajetória de pesquisa, assumiu o desafio de dar densidade à reflexão sobre a docência em Serviço Social, discutindo-a como atribuição privativa do assistente social prevista na Lei Federal nº 8662/1993, o que pressupõe o reconhecimento da existência de atividades exclusivas, específicas, próprias do profissional assistente social. A autora foge do discurso romântico da docência enquanto vocação ou dom natural para tratá-la sob outra perspectiva, que se sustenta num projeto de profissão coletivamente construído pelo Serviço Social brasileiro nos marcos de seu processo de renovação.
Sob este prisma, a docência é um trabalho, um espaço no qual os assistentes sociais podem desempenhar suas atividades com competência e com o compromisso de contribuírem com a formação de novos quadros profissionais.
Para tanto, é imprescindível que durante a formação, seja graduada ou pós-graduada, sejam propiciadas experiências ricas, diversas, criativas, proativas, que aproximem o discente dos variados campos sócio-ocupacionais, dentre eles, a docência. No caso desta, a aproximação pode ser favorecida por atividades próprias desse campo interventivo, como a monitoria, o planejamento de aulas, a coordenação de seminários, a atuação em projetos de pesquisa e extensão, a participação em debates, a organização de eventos científicos, a produção e socialização do conhecimento por meio de comunicações orais e pôsteres, enfim, vivências favorecidas pelo ambiente acadêmico.
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