Histórias De Famílias

O propósito no livro é acompanhar a trajetória da família Cazumbá no decorrer do tempo, perceber suas transformações na luta para emancipar-se do cativeiro.

No Brasil, foram poucas as famílias negras que ao longo das gerações mantiveram os nomes dos seus ancestrais africanos. Afinal, uma das primeiras providências dos traficantes para legalizar a propriedade sobre homens e mulheres trazidos da África era conduzi-los a uma igreja e batizá-los com nomes cristãos.

Era assim que africanos e africanas passavam a ser chamados de João, Maria, Benedito, Madalena. Por seu lado, senhores inspirados na tradição greco-romana podiam chamá-los de Cícero, Ovídio, Péricles. Ou ainda, para passar a impressão de que viviam em “bom cativeiro”, davam-lhes os nomes de Esperança, Amado, Fortunato, Felicidade. Esse foi mais um dos aspectos dramáticos da maneira como se operava a escravização de homens, mulheres e crianças africanas.

O livro de Maria Cristina Machado de Carvalho, História De Famílias: Os Cazumbá Em São Gonçalo Dos Campos/1870-1910, conta a intrigante história de uma família negra que não apenas manteve seu nome africano, como conseguiu transmiti-lo para muitas gerações. Bem verdade, que muitos cativos que viveram no Engenho Cazumbá, na fronteira entre Santo Amaro e Feira de Santana, passaram a se chamar com aquele nome depois que se emanciparam do cativeiro. Dessa forma, o nome guardaria não somente a marca identitária da África, mas também do passado de escravidão.

O propósito no livro é acompanhar a trajetória da família Cazumbá no decorrer do tempo, perceber suas transformações na luta para emancipar-se do cativeiro, conquistar a liberdade, ter acesso à terra e buscar espaços de dignidade e prestígio. Para isso, a autora utiliza o conceito de trajetória para entender como as sucessivas gerações lidaram com as escolhas, incertezas, sentimentos e percepções.

Ao longo do livro, Maria Cristina procura extrair da frieza convencional dos documentos cartoriais evidências que permitam apreender os indivíduos na sua complexidade de interesses, contradições, anseios e projetos de vida. Óbvio que nem sempre é possível seguir à risca os rastros dos indivíduos devido à natureza lacunar e mesmo opaca da documentação. No entanto, a autora, a todo momento, sugere hipóteses e aponta possíveis caminhos de interpretação.

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O propósito no livro é acompanhar a trajetória da família Cazumbá no decorrer do tempo, perceber suas transformações na luta para emancipar-se do cativeiro.

No Brasil, foram poucas as famílias negras que ao longo das gerações mantiveram os nomes dos seus ancestrais africanos. Afinal, uma das primeiras providências dos traficantes para legalizar a propriedade sobre homens e mulheres trazidos da África era conduzi-los a uma igreja e batizá-los com nomes cristãos.

Era assim que africanos e africanas passavam a ser chamados de João, Maria, Benedito, Madalena. Por seu lado, senhores inspirados na tradição greco-romana podiam chamá-los de Cícero, Ovídio, Péricles. Ou ainda, para passar a impressão de que viviam em “bom cativeiro”, davam-lhes os nomes de Esperança, Amado, Fortunato, Felicidade. Esse foi mais um dos aspectos dramáticos da maneira como se operava a escravização de homens, mulheres e crianças africanas.

O livro de Maria Cristina Machado de Carvalho, História De Famílias: Os Cazumbá Em São Gonçalo Dos Campos/1870-1910, conta a intrigante história de uma família negra que não apenas manteve seu nome africano, como conseguiu transmiti-lo para muitas gerações. Bem verdade, que muitos cativos que viveram no Engenho Cazumbá, na fronteira entre Santo Amaro e Feira de Santana, passaram a se chamar com aquele nome depois que se emanciparam do cativeiro. Dessa forma, o nome guardaria não somente a marca identitária da África, mas também do passado de escravidão.

O propósito no livro é acompanhar a trajetória da família Cazumbá no decorrer do tempo, perceber suas transformações na luta para emancipar-se do cativeiro, conquistar a liberdade, ter acesso à terra e buscar espaços de dignidade e prestígio. Para isso, a autora utiliza o conceito de trajetória para entender como as sucessivas gerações lidaram com as escolhas, incertezas, sentimentos e percepções.

Ao longo do livro, Maria Cristina procura extrair da frieza convencional dos documentos cartoriais evidências que permitam apreender os indivíduos na sua complexidade de interesses, contradições, anseios e projetos de vida. Óbvio que nem sempre é possível seguir à risca os rastros dos indivíduos devido à natureza lacunar e mesmo opaca da documentação. No entanto, a autora, a todo momento, sugere hipóteses e aponta possíveis caminhos de interpretação.

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