Globalização E Novos Atores

Como as entidades subnacionais brasileiras, mais particularmente os municípios, vêm desenvolvendo suas estratégias de inserção no sistema internacional a partir dos anos 1990? Esta pergunta motivadora do presente estudo adquire um caráter profundamente instigante hoje

, visto que, em função da nova lógica internacional, verifica-se uma tendência crescente da inserção internacional dos governos subnacionais propulsionada por fatores como o fenômeno da internacionalização da economia, a urbanização acelerada e os processos de integração regionais, entre outros. Os governos subnacionais, termo recorrentemente trazido no texto, referir-se-á tanto aos governos locais, os mais próximos dos cidadãos, ou seja, os municípios, no caso do Brasil, como aos governos regionais, que correspondem à instância imediatamente superior a esta.
De fato, motivados pelos desafios que a globalização impôs às economias nacionais e forçados pelo declínio das políticas centralizadas de desenvolvimento regional, bem como pela necessidade de inserção em redes formadas a partir dos regimes internacionais, os governos subnacionais se configuram como atores de presença internacional cada vez mais intensa e a gestão dos temas internacionais por essas instâncias de governos adquire crescente importância. Apesar disso, suas ações, ainda que tenham uma legitimidade democrática oriunda da sua representação política, não despertam tanta atenção da literatura (menos ainda as ações dos governos municipais), diferentemente do que já vem ocorrendo com as ações externas de empresas multinacionais e de ONGs.
Esta lacuna é justificada por Paquin sob duas perspectivas: primeiramente, porque ela se afasta das questões mais tradicionais ou realistas da teoria das relações internacionais, que entendem que a ação internacional destas entidades concerne essencialmente às questões de low politics, desinteressando-se, esta corrente, por tais ações, uma vez que o Estado guardaria o monopólio das verdadeiras questões internacionais. Por outro lado, as questões de política vista como interna sempre foram ignoradas pelos realistas em relações internacionais, assim como os especialistas em sociologia tradicionalmente se desinteressaram por questões de política externa. Não obstante tais visões, com o advento dos processos de globalização e o fim da Guerra Fria, estas perspectivas vêm sofrendo profundas mudanças.
O trabalho que aqui se abre com estas reflexões preliminares, insere-se no bojo das discussões polêmicas sobre os novos atores internacionais nos processos de globalização, focalizando as instâncias subnacionais de governo, de forma ampla, no que tange à visão geral e caracterização do fenômeno, mas, sobretudo, no que tange às peculiaridades da paradiplomacia dos municípios, distinguindo-a daquela realizada pelas instâncias de governos regionais e aprofundando a sua realidade no caso brasileiro.

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Como as entidades subnacionais brasileiras, mais particularmente os municípios, vêm desenvolvendo suas estratégias de inserção no sistema internacional a partir dos anos 1990? Esta pergunta motivadora do presente estudo adquire um caráter profundamente instigante hoje, visto que, em função da nova lógica internacional, verifica-se uma tendência crescente da inserção internacional dos governos subnacionais propulsionada por fatores como o fenômeno da internacionalização da economia, a urbanização acelerada e os processos de integração regionais, entre outros. Os governos subnacionais, termo recorrentemente trazido no texto, referir-se-á tanto aos governos locais, os mais próximos dos cidadãos, ou seja, os municípios, no caso do Brasil, como aos governos regionais, que correspondem à instância imediatamente superior a esta.
De fato, motivados pelos desafios que a globalização impôs às economias nacionais e forçados pelo declínio das políticas centralizadas de desenvolvimento regional, bem como pela necessidade de inserção em redes formadas a partir dos regimes internacionais, os governos subnacionais se configuram como atores de presença internacional cada vez mais intensa e a gestão dos temas internacionais por essas instâncias de governos adquire crescente importância. Apesar disso, suas ações, ainda que tenham uma legitimidade democrática oriunda da sua representação política, não despertam tanta atenção da literatura (menos ainda as ações dos governos municipais), diferentemente do que já vem ocorrendo com as ações externas de empresas multinacionais e de ONGs.
Esta lacuna é justificada por Paquin sob duas perspectivas: primeiramente, porque ela se afasta das questões mais tradicionais ou realistas da teoria das relações internacionais, que entendem que a ação internacional destas entidades concerne essencialmente às questões de low politics, desinteressando-se, esta corrente, por tais ações, uma vez que o Estado guardaria o monopólio das verdadeiras questões internacionais. Por outro lado, as questões de política vista como interna sempre foram ignoradas pelos realistas em relações internacionais, assim como os especialistas em sociologia tradicionalmente se desinteressaram por questões de política externa. Não obstante tais visões, com o advento dos processos de globalização e o fim da Guerra Fria, estas perspectivas vêm sofrendo profundas mudanças.
O trabalho que aqui se abre com estas reflexões preliminares, insere-se no bojo das discussões polêmicas sobre os novos atores internacionais nos processos de globalização, focalizando as instâncias subnacionais de governo, de forma ampla, no que tange à visão geral e caracterização do fenômeno, mas, sobretudo, no que tange às peculiaridades da paradiplomacia dos municípios, distinguindo-a daquela realizada pelas instâncias de governos regionais e aprofundando a sua realidade no caso brasileiro.

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