Este terceiro volume de uma coleção ambiciosa sobre a história recente de Pernambuco e a ditadura contém contribuições inéditas sobre trabalho e trabalhadores, relações de emprego e de posse da terra, assim como movimentos trabalhistas.
As experiências dos canavieiros são investigadas aqui de uma maneira minuciosa, fato ligado ao número e à importância desses trabalhadores em termos de militância e mobilização. Christine Rufino Dabat aponta que os canavieiros têm sido a força de trabalho mais numerosa de Pernambuco. Assim, não é surpreendente a maciça representação desse grupo—e da região da Zona da Mata—nestes capítulos sobre a época. Nas palavras de Antônio Callado, escritas nos meses antes do golpe, os camponeses, canavieiros e lideranças da Zona da Mata de Pernambuco foram artesãos, diante dos olhos do resto do Brasil, de uma “revolução-piloto.”
A produção historiográfica sobre mundos do trabalho e ditadura militar tem crescido em Pernambuco ao longo dos últimos anos, frequentemente através de projetos individuais, muitos deles ligados a dissertações e teses.
Os programas de pós-graduação em História da UFPE e UFRPE têm sustentado essa produção intelectual, por exemplo com os seus periódicos Clio e Cadernos de História UFPE. Mas equipes de professores e alunos também organizaram oficinas, encontros, conferências e publicações que foram essenciais para melhor compreender a história dessa época. É sem surpresa, então, notar que dez dos doze autores representados nesta coleção tenha alguma ligação com estes dois programas.
São onze os capítulos neste volume, cada um bem pesquisado e cuidadosamente arguido. Eles têm interligações interessantes que abrem possibilidades para o leitor melhor entender as redes de organização e as relações entre as forças de dominação e de resistência na época da ditadura militar em Pernambuco.
Os capítulos são baseados em pesquisa minuciosa nos arquivos de Pernambuco (e de outros lugares também, inclusive o Arquivo Nacional, em Brasília, e até alguns acervos na Argentina). O volume conta com a marcante presença de material do Arquivo do Tribunal Regional do Trabalho da Sexta Região. Por todas estas razões, o leitor tem nas mãos uma contribuição essencial à história do trabalho em tempos de ditadura.
