Márcia Maria Tait Lima – Elas Dizem Não! Mulheres Camponesas E Resistência Aos Cultivos Transgênicos
Este trabalho dedicou-se a refletir acerca da resistência ao modelo de agricultura industrial e aos cultivos geneticamente modificados a partir dos discursos e da mobilização de mulheres camponesas no Brasil e Argentina.
A pesquisa foi composta por uma parte teórico-conceitual e uma parte empírica, com realização de pesquisa de campo nos dois países.
Foram utilizadas referências bibliográficas de diversas disciplinas, sendo as principais: Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia, Feminismos e abordagens sociológicas sobre ações coletivas, movimentos sociais e emancipação social.
A parte mais relevante do trabalho de campo constitui-se na obtenção de discursos por meio de entrevistas e da realização de observação participante junto a mulheres camponesas.
Também foram consultadas diversas publicações de movimentos, como cartilhas, conteúdos dos sites, reportagens e materiais de divulgação. Para obtenção das entrevistas foram realizadas três etapas de pesquisa de campo compostas por viagens a localidades urbanas e rurais nos dois países durante os anos de 2010 e 2011.
Como parte dos resultados, desprende-se as mulheres camponesas constroem um discurso no qual está presente uma síntese original de valores encontrados em matrizes do pensamento feminista e ambientalista e lutas camponesas.
Esta síntese é analisada pela autora como uma epistemologia crítica construída a partir de questões concretas como: alimento, semente, proteção da biodiversidade, exploração do trabalho e desigualdades de gênero.
Ao final, coloca-se a proposta de uma ética feminista com a natureza que permite avançar na construção de teorias sobre emancipação social e o poder.
Entre as conclusões são colocadas as ações protagonizadas por mulheres camponesas como capazes de ampliar as esferas de resistência ao poder, ao mesmo tempo em que ampliam sua capacidade coletiva de fazer.
As mobilizações protagonizadas pelas mulheres camponesas no Brasil e Argentina envolvem uma resistência mais ampla a uma matriz de pensamento formada por componentes patriarcais, androcêntricos e antropocêntricos; e por interesses de oligopólios empresariais capitalistas que lucram com a mercantilização dos alimentos, das sementes e da vida.
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