Os textos aqui reunidos têm origem em um dossiê organizado para a revista Teias em 2015,1 com o eixo central em torno de três temáticas básicas: literatura, infância e educação.
Em virtude do profícuo debate desenvolvido naquele momento, as organizadoras optaram por manter o mesmo eixo nesta publicação, associando-o, contudo, às discussões contemporâneas acerca da leitura literária na escola, assim como à formação de professores, mediadores fundamentais na relação entre literatura, leitura e leitor.
Trata-se, portanto, de um investimento de pesquisadores cujo objeto de estudo tem sido a literatura destinada à infância e ao jovem, assim como as práticas de leitura no âmbito da escola e da vida social.
Como é possível o leitor constatar, reuniu-se uma mostra representativa de pesquisas nas interfaces dos estudos de literatura e leitura, fruto da interlocução entre grupos de pesquisa consolidados em diferentes instituições brasileiras de ensino público.
Tal interlocução pôde ser ampliada em múltiplas perspectivas que resultaram na consecução desta obra: o debate frequente em fóruns acadêmicos, a formação de professores, a orientação acadêmica e os resultados do estágio de pós-doutoramento.
A relação da criança com o livro de ficção tem conhecido um percurso híbrido na historiografia da literatura infantil brasileira. Nas primeiras décadas do período republicano, por exemplo, houve um incremento considerável na produção, como resultado das políticas de alfabetização nos meios urbanos. No entanto, com frequência, os livros de poesia e de contos eram pensados para leitura na escola, em complemento aos programas curriculares.
Nos capítulos que se seguem, embora sem a pretensão de cobrir a totalidade dessa produção, o foco está voltado a diferentes abordagens e recortes temporais, de modo a dar maior visibilidade à relação entre literatura, leitura e educação.
De um modo ou de outro, buscam-se compreender as rupturas e as permanências relativas a um objeto cultural – o livro de ficção – que, tendo sido frequentemente apropriado pela escola, guarda proximidade com a arte e a vida social.
Nesse contexto, a fim de problematizar um primeiro conjunto de questões que dizem respeito à condição literária do livro infantil, convém estabelecer algumas aproximações com a literatura de caráter geral.