
A historiografia de Ilhéus sempre focalizou o século XVI e início do século XVII, no período açucareiro, praticamente nos primeiros tempos da colonização e a partir da segunda metade do século XVIII, quando se iniciou a cacauicultura.
Havia um hiato histórico entre o final do primeiro período e o começo do outro. No crepúsculo do século XVI a produção açucareira entrou em franca decadência.
As terras do interior da Capitania eram de difícil acesso em conseqüência da floresta densa, doenças endêmicas e índios bravios que atacavam os colonos em qualquer tentativa que fizessem para interiorizar a produção.
A história da capitania e da comarca de Ilhéus, naquele espaço de tempo, era desconhecida, apenas citada por visitantes, através de informações pessimistas sobre a região e o modo de vida dos seus habitantes.
Informações descabidas, pois não se poderia esperar conforto ou opulência
neste local, espremido entre o oceano e a floresta Atlântica. Falavam esses cronistas na miséria e fome porque eles, os visitantes, não encontravam aqui os alimentos típicos da Europa.
Havia, entretanto, muita caça, peixe em abundância no mar e nos rios, antes mais caudalosos, mariscos, praias repletas de tartarugas e muitas frutas silvestres.
Os poucos documentos encontrados originavam-se de colonos que se queixavam de terríveis e constantes dificuldades, através dos quais buscavam fugir do fisco insaciável.
É exatamente sobre esse período, até então pouco conhecido da história da capitania e comarca de Ilhéus, que obra liderada por Marcelo Henrique Dias e Ângelo Alves Carrara trata, trazendo à tona esse tesouro do conhecimento histórico, submerso durante tantos anos.
Um Lugar Na História: A Capitania E Comarca De Ilhéus Antes Do Cacau é motivo de regozijo para a comunidade acadêmica e, antes mesmo de sua publicação, os seus textos foram analisados entusiasticamente, em sala de aula, pelos alunos de História Regional e da Bahia e pelos professores da área, em virtude do ineditismo e das novidades descritas.
O livro está entre os melhores trabalhos que a produção científica concebeu, até o momento, sobre a Capitania e Comarca de Ilhéus.
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