A relação dos brasileiros com os Estados Unidos da América costuma ser ou de amor, ou de ódio. De um lado, férias em Miami, cinema, rock and roll, hambúrgueres. De outro, invasões militares, apoio a ditaduras, capitalismo selvagem, cultura massificada. De um lado, a “terra dos livres e lar dos bravos”, como diz seu hino; de outro, o “imperialismo ianque”. A imagem dos EUA está nos olhos de quem vê.
Colonizados por europeus mais ou menos na mesma época, Brasil e EUA têm muitas semelhanças. Historicamente, os dois fizeram amplo uso de mão de obra escrava durante seu crescimento econômico colonial. Atualmente, são os únicos países do continente americano que figuram entre os dez primeiros colocados nas listas dos maiores, dos mais ricos e dos mais populosos do mundo.
Mas as diferenças entre o Gigante Adormecido e o Tio Sam são ainda mais marcantes. A colonização portuguesa do Brasil, baseada no latifúndio, na monocultura e no extrativismo, só muito lentamente produziu uma democracia de massas. O povoamento inglês dos EUA, iniciado com dissidentes que fugiam de perseguição religiosa, foi marcado por relativa igualdade de condições e por várias iniciativas de autogoverno.
Outra diferença interessante é a relação com a noção de patriotismo. Para o brasileiro, ser patriota é ser ingênuo, e o respeito à pátria se exerce pela via da crítica. Para o americano, os defeitos do país só podem ser resolvidos por aqueles que o amam. O número de bandeiras nacionais encontradas em qualquer passeio pelos dois países é evidência visual impactante dessas abordagens distintas. Uma possível consequência é o tratamento dedicado à própria história. A história do Brasil não costuma ser o ponto forte do conhecimento dos brasileiros (tente encontrar alguém que lhe diga com segurança quem foi José Bonifácio), enquanto os americanos têm uma reverência quase sagrada pela deles (é interessante comparar o 4 de Julho americano, uma festa realmente popular, com o 7 de Setembro brasileiro, tradicionalmente associado a paradas militares).
A diferença se reflete nas bibliotecas. Os livros de história americana publicados nos EUA se contam (e se vendem) aos milhares. Se nos restringirmos ao tema do presente livro, a história da independência e dos primeiros anos da república, ainda assim encontraremos centenas de títulos.
O Grande Experimento
- Ciências Sociais, História
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