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As relações entre Brasil e Estados Unidos sempre contiveram um elemento de controvérsia. O Brasil, que descobria o século XX durante a Segunda Guerra Mundial, a partir do governo Vargas começou a lutar por sua independência tecnológica.
Alguns esforços chegam hoje a provocar risos. Por exemplo, a construção da estrada Cuiabá-Santarém figura nos manuais do Estado-Maior do Exército desde os anos 1940. Mas com essa preocupação desenvolvimentista também figura a necessidade de o país formar — naquela época — engenheiros especializados capazes de produzir automóveis.
O exemplo brasileiro é dramático por meio do esforço desenvolvido pelo país para alcançar alguma independência tecnológica. Antes, na década de 1940, o governo dos Estados Unidos se opunha à transferência da tecnologia da produção do aço.
O Brasil só a conseguiu à custa da cessão de facilidades aeroportuárias no Nordeste, durante a Guerra, e depois de assumir o compromisso de enviar tropas para o cenário da luta, na Itália.
Esse conflito foi ganhando novas proporções à medida que o desenvolvimento do país passou a, primeiro, incomodar o capital norte-americano e, depois, a ameaçá-lo no Brasil e, pior, em mercados de outros países do Terceiro Mundo.
A evolução desse conflito é o tema deste magnífico trabalho elaborado pelo professor Moniz Bandeira. Ele descreve com precisão e objetividade suas várias faces e a dificuldade em encontrar o termo médio no interesse dos dois países.
Ocorre que não há mais caminhos alternativos para um país do porte do Brasil. Sua independência tecnológica choca-se com o mundo desenvolvido, que pretende manter colônias subdesenvolvidas pelo desconhecimento das melhores técnicas.
Brasil-Estados Unidos: Rivalidade Emergente (1950-1988) revela que a “tradicional amizade” entre os dois países sempre constituiu um estereótipo ideológico manipulado com o objetivo de influenciar a política exterior do Brasil.
Baseado em ampla documentação, Brasil-Estados Unidos: Rivalidade Emergente (1950-1988) mostra como o relacionamento entre as duas potências das Américas nem sempre foi suave e tranquilo.
No século XIX, o Brasil suspendeu três vezes (1827, 1847 e 1869) as relações diplomáticas com os Estados Unidos, e não aceitou, passivamente, sua hegemonia, ainda que, até a primeira metade do século XX, dependesse das exportações para o gigante norte-americano.
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