Política Urbana e Gestão Pública
reúne textos baseados nos resultados de uma ampla pesquisa sobre a metrópole do Rio de Janeiro, desenvolvida por uma rede de pesquisadores engajados no projeto político-acadêmico do Observatório das Metrópoles1 e financiada pela FAPERJ, nos anos 2008 e 2009.
Nosso objetivo maior tem sido construir conexões entre a leitura crítica e abrangente da dinâmica metropolitana brasileira e a formulação de políticas redistributivas, capazes de reverter o quadro de profundas desigualdades sociais que marcam a vida urbana em nosso país. Nesse sentido, a pesquisa foi estruturada em dois grandes eixos de análise: o primeiro, denominado Economia, Sociedade e Território e o segundo, Política e Gestão Metropolitana.
Em Economia, Sociedade e Território, publicamos os textos resultantes do primeiro eixo, no qual foram investigadas diferentes dimensões da vida numa grande metrópole, tais como, a família, o trabalho, a sociabilidade e a educação, buscando-se compreender os mecanismos reprodutores das desigualdades socioespaciais e de poder em vigor no território fluminense.
Do segundo eixo de pesquisa saíram os textos reunidos em Política Urbana e Gestão Pública. São cinco trabalhos, onde se destacam criteriosos levantamentos empíricos que, juntos, evidenciam de forma clara a urgência em construirmos processos democráticos de planejamento urbano, através de seu principal instrumento: o Plano Diretor Participativo. Todos os textos tratam, direta ou indiretamente, desse instrumento básico da política de desenvolvimento urbano, avaliando os avanços normativos alcançados nos municípios fluminenses e as barreiras à plena implementação dos princípios e normas orientados pela busca de maior justiça social nas cidades. São trabalhos de abrangências territoriais distintas, desde uma análise comparativa dos planos diretores de vinte e oito municípios do estado, até a descrição de uma experiência participativa inovadora numa favela carioca, passando por estudos de municípios específicos na Baixada Fluminense, que buscaram desvendar as contradições geradas pelas diretrizes do plano frente às determinações das normas urbanísticas vigentes ou, ainda, frente às políticas habitacionais ou de saneamento implementadas.
Esperamos que os resultados dessa pesquisa, apresentados nas duas coletâneas, contribuam na elaboração de um diagnóstico crítico em torno da economia, da sociedade e da política fluminenses, identificando os impasses e os desafios para uma gestão metropolitana que ultrapasse os interesses locais, gerando subsídios para os atores sociais e políticos envolvidos nesse processo e impulsionando fóruns de debates em torno dessa agenda.