
Este livro é uma obra que mergulha na interpretação de Lima Barreto, por meio de sua produção literária, sobre o Brasil e sobre as ancoragens dessa sua construção.
Através de gestos de leitura embasados em variadas perspectivas, como literárias, históricas, sociológicas, filosóficas e linguísticas, os autores dos textos que compõem o presente estudo apontam imaginários, desfiando materialidades discursivas de textos de Lima Barreto (Romances, contos e principalmente crônicas), a fim de compreender como os sentidos vão se (des/re)construindo e nos delineando mosaicos de um Brasil do passado que, na contemporaneidade, ainda mantém muitas das mesmas visões e práticas contestáveis quando se pensa em uma sociedade mais democrática e menos desigual.
Por meio das discussões que dão corpo a este volume, o leitor, docente ou não, é convidado a revisitar Lima Barreto e a (re)tensionar suas posições sobre a construção do povo brasileiro e da política brasileira na modernidade, verificando o quanto esse imaginário, construído pela lavra de um escritor negro brasileiro ainda se presentifica na contemporaneidade em muitas práticas danosas de nossa estrutura e pensamento sociais.
A importância do estudo da obra de Lima Barreto, nos dias de hoje, sobretudo com a proposta de trazê-lo para a situação do ensino da literatura como faz o livro Lima Barreto Na Sala De Aula. O que o escritor teria a dizer sobre o Brasil de nossos dias, sobretudo aos jovens que ainda ocupam os bancos escolares e frequentam as salas de nossas universidades?
A importância de Lima Barreto se impõe dada a atualidade de sua crítica tão vigorosa, sem concessões e claramente posicionada ao lado dos subalternizados sociais, contrária aos poderes instituídos e denunciadora da discriminação sistemática, porque estrutural, aos afrodescendentes e aos pobres no espaço pretensamente cidadão da Primeira República no Brasil.
Pobre, mestiço, também ele morador do subúrbio carioca, sentiu na pele a discriminação e o preconceito racial, denunciando-o em romances e nos virulentos artigos que escrevia para a imprensa alternativa. Talvez o primeiro escritor brasileiro a denunciar sem meias palavras o racismo arraigado na sociedade brasileira, fez de sua obra um libelo militante contra a exclusão social de que são vítimas, até hoje, largas parcelas da população de ascendência negra.
