Linda Hutcheon – Uma Teoria Da Adaptação
Linda Hutcheon é professora titular do Departamento de Inglês e Literatura Comparada da Universidade de Toronto, com expressiva produção acadêmica refletida em vários livros publicados, entre os quais Teoria E Política Da Ironia e Poética Do Pós-Modernismo.
O livro Uma Teoria Da Adaptação vem integrar esse panorama intelectual estabelecido pela autora.
passíveis de serem estabelecidas nos diferentes meios, considerando, além da literatura e do cinema, outras possibilidades, como a ópera, o videogame, os musicais e o teatro.
A escritora considera a adaptação sob dois prismas fundamentais: produto e processo. Uma obra pode ser anunciada especificamente enquanto adaptação e, para chegar a esse status, passa por um processo no qual aquele que adapta trabalha em uma (re)criação, envolvendo especificidades que variam de acordo com os objetivos e os meios envolvidos.
Uma das principais contribuições de Linda Hutcheon no panorama dos estudos de adaptação é considerar as formas de contato do público com as obras em seus diferentes meios. Assim, a autora estabelece alguns paradigmas da narrativa, tais como narrar, mostrar e interagirem suas relações com os mais variados públicos.
Pensar a adaptação nunca foi tão importante quanto nos dias atuais, nos quais se
revela uma prática crescente; citando um exemplo da indústria cultural, a autora informa que 85% dos filmes vencedores do Oscar de melhor filme (e as estatísticas são de 1992, tendo apenas aumentado de lá para cá) são adaptações de obras literárias – o que aponta para um fator que mais adiante será melhor esclarecido, o apelo econômico das adaptações.
Por trás deste reside um apelo mais profundo: o prazer epistemológico encontrado nas obras adaptadas, em que a segurança de um reconhecimento aumenta o
prazer obtido com o frescor da novidade.
Uma adaptação não é uma cópia, ou simples decodificação (embora, muitas vezes, implique uma), na qual a aura benjaminiana seria perdida; é uma obra nova na qual se conjugam repetição e diferença.
Mas o quê, exatamente, é adaptado em uma adaptação?
Em um primeiro momento, parece que o fenômeno da adaptação contradiz tudo aquilo que a estética e a semiologia se esforçam por comprovar – a indiscernibilidade entre forma e conteúdo –, pois geralmente o que é transposto é a história – o enredo, a anedota.
No entanto, alargando-se o olhar, nota-se que também personagens, temas, espaços, tempos e perspectivas podem ser transpostos em uma adaptação, bem como aquilo que a autora chama de “heterocosmo”, “(…) literalmente, um outro mundo, ou cosmo, completo, claro, com todas as coisas como a história – lugares, personagens, eventos e situações.”
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