Junichiro Tanizaki – Elogio Da SombraElogio Da Sombra
é uma das principais obras de Tanizaki (1886-1965), um dos mais populares escritores japoneses, e um dos principais escritores da moderna literatura japonesa.
Elogio Da Sombra reúne fascinantes ensaios sobre as diferenças entre o Ocidente e o Oriente. Para os ocidentais, o mais importante aliado da beleza foi sempre a luz, a ausência de sombras.
Para a estética tradicional japonesa, do rosto das mulheres às salas dos templos, o essencial está na sombra e nos seus efeitos.
Em Elogio Da Sombra, Tanizaki fala-nos da cor das lacas, dos atores de no, das paredes dos corredores, dos beirais das casas, da luz que há na sombra, para nos prevenir contra tudo o que brilha. Revela-nos o que sentia ao olhar o papel dos shoji, a visão de um universo ambíguo onde luz e sombra se confundem numa impressão de eternidade.
Por outro lado, Elogio Da Sombra evidencia até que ponto certos princípios considerados fundamentais, evidentes e supostamente naturais, são, de fato, culturais.
Tal é, precisamente, o caso da luz e da sombra. Mas, o que é curioso é que Tanizaki parte da universalidade do princípio da brancura. Não é o menor apreço pelo branco que leva o japonês a apreciar a sombra. Muito pelo contrário.
Comparando, por exemplo, o papel ocidental e oriental, o autor escreve: “A verdade é que não sentimos, face ao papel do Ocidente, outra impressão que não a de estarmos perante uma matéria estritamente utilitária, enquanto que nos basta ver a textura de um papel da China ou do Japão, para sentir uma espécie de tepidez que nos satisfaz o coração.
Os raios luminosos parecem ressaltar na superfície do papel do Ocidente, enquanto que a do hôsho ou papel da China, semelhante à superfície coberta de penugem da primeira neve, os absorve suavemente”
Junichiro Tanizaki nasceu em Tóquio, em 1886; morreu em 1965. Estudou literatura japonesa na Universidade Imperial de Tóquio. Publicou seu primeiro trabalho em 1909, numa revista literária que ajudou a fundar. Sua obra de juventude revela forte influência de Poe, Baudelaire e Oscar Wilde.
A partir de 1923, deixou-se absorver pela cultura de seu país e abandonou a inclinação ocidentalizante, vivendo nesse momento uma crise intelectual e emocional que contribuiu decisivamente para torná-lo um dos nomes centrais da literatura japonesa do século XX. Em 1949, recebeu o prêmio Imperial de Literatura. É autor, entre outros, de Diário de um velho louco.
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