As Mulheres Da Revolução

O volume que Jules Michelet (1798-1874) publicou em 1854, As mulheres da Revolução, tornou-se, inegavelmente, seja entre admiradores, seja entre críticos, um marco nos estudos sobre a participação das mulheres na Revolução Francesa.

Michelet, bem entendido, está longe de ter sido o primeiro a tratar da participação de mulheres na vida pública, de traçar perfis individuais de mulheres com atuação política marcante. Basta que nos lembremos de Plutarco, nome tão desenhado pela própria pena de Michelet, uma vez que era leitura corrente entre as mulheres revolucionárias. Em Vidas paralelas, Plutarco, ao esboçar a biografia de Péricles, não deixa de apresentar o retrato vívido de sua amante, Aspásia, figura pública proeminente em Atenas. Plutarco também se dedica a apresentar Cleópatra, tanto na vida de César, quanto na de Antônio, ainda que de modo não propriamente elogioso. Bem mais tarde, Boccaccio reúne um expressivo conjunto de biografias de mulheres ilustres em Mulheres famosas, contemplando tanto deusas como mulheres mitológicas, rainhas antigas e mulheres contemporâneas, algumas lendárias, a exemplo da papisa Joana.
Essa avidez por exemplos repercute também na reavaliação de alguns modelos femininos então dominantes. Mary Wollstonecraft (1759-1797) não hesitará em criticar o que se esperava das mulheres em sua época: “Certamente esses seres fracos servem apenas para um serralho! Pode-se esperar que governem uma família com juízo ou que tomem conta dos pobres bebês que trazem ao mundo?” Para Wollstonecraft, ela mesma estando entre aqueles que deixaram a Inglaterra a fim de presenciar os acontecimentos da Revolução Francesa na década de 1790, são necessários novos modelos de mulheres fortes, ativas, capazes de dirigir a vida familiar com mão firme.
Passado o Terror, em meio ao processo de “retorno à ordem”, a participação perturbadora das mulheres na Revolução será recontada a princípio de modo esparso e seletivo: algumas dessas mulheres são elevadas à condição de exemplo de virtude, outras são tomadas por “viragos” e modelos a evitar. Sobre a maior parte delas, no entanto, silencia-se.

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O volume que Jules Michelet (1798-1874) publicou em 1854, As mulheres da Revolução, tornou-se, inegavelmente, seja entre admiradores, seja entre críticos, um marco nos estudos sobre a participação das mulheres na Revolução Francesa. Michelet, bem entendido, está longe de ter sido o primeiro a tratar da participação de mulheres na vida pública, de traçar perfis individuais de mulheres com atuação política marcante. Basta que nos lembremos de Plutarco, nome tão desenhado pela própria pena de Michelet, uma vez que era leitura corrente entre as mulheres revolucionárias. Em Vidas paralelas, Plutarco, ao esboçar a biografia de Péricles, não deixa de apresentar o retrato vívido de sua amante, Aspásia, figura pública proeminente em Atenas. Plutarco também se dedica a apresentar Cleópatra, tanto na vida de César, quanto na de Antônio, ainda que de modo não propriamente elogioso. Bem mais tarde, Boccaccio reúne um expressivo conjunto de biografias de mulheres ilustres em Mulheres famosas, contemplando tanto deusas como mulheres mitológicas, rainhas antigas e mulheres contemporâneas, algumas lendárias, a exemplo da papisa Joana.
Essa avidez por exemplos repercute também na reavaliação de alguns modelos femininos então dominantes. Mary Wollstonecraft (1759-1797) não hesitará em criticar o que se esperava das mulheres em sua época: “Certamente esses seres fracos servem apenas para um serralho! Pode-se esperar que governem uma família com juízo ou que tomem conta dos pobres bebês que trazem ao mundo?” Para Wollstonecraft, ela mesma estando entre aqueles que deixaram a Inglaterra a fim de presenciar os acontecimentos da Revolução Francesa na década de 1790, são necessários novos modelos de mulheres fortes, ativas, capazes de dirigir a vida familiar com mão firme.
Passado o Terror, em meio ao processo de “retorno à ordem”, a participação perturbadora das mulheres na Revolução será recontada a princípio de modo esparso e seletivo: algumas dessas mulheres são elevadas à condição de exemplo de virtude, outras são tomadas por “viragos” e modelos a evitar. Sobre a maior parte delas, no entanto, silencia-se.

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