José Mauro De Vasconcelos – Vamos Aquecer O Sol
Sequência de O Meu Pé de Laranja Lima, este romance é igualmente autobiográfico.
Na década de 1930, o menino Zezé, com dez anos, vive com os pais adotivos em Natal, Rio Grande do Norte, e estuda num colégio católico.
O menino fantasia a existência de um sapo-cururu com o qual dialoga e desabafa e cria a imagem ideal de um pai, superposta à imagem cinematográfica do ator Maurice Chevalier, com quem conversa em sonhos e por quem se sente amado como um filho.
A narrativa desenrola-se assim com uma mágica e ternurenta mistura de realidade e imaginação e permite-nos acompanhar o crescimento de Zezé, o seu desabrochar num rapaz que combate a debilidade física com braçadas vigorosas no mar, que continua a ser detentor de uma aguda inteligência, que se evade de um presente insatisfatório e edifica em sonhos os projetos mais mirabolantes e que desespera professores, familiares e vizinhos com travessuras diabólicas.
Ao mesmo tempo que tudo isto nos é contado de uma forma muito gostosa, não conseguimos desprender-nos do seu protagonista, da sua doçura, da sua fome de ternura, da sua generosidade, do seu coração de menino que não acompanha a passagem dos anos e sobretudo de uma vontade louca de o apertar nos nossos braços e oferecer-lhe esse amor que tanta falta lhe faz.
Vamos Aquecer O Sol é o desenlace que todos aqueles que se apaixonaram por Zezé desejavam. Possibilita-nos encerrar esta doce narrativa com um sorriso nos lábios (o que não acontece com O Meu Pé De Laranja-Lima) e acreditar que para tudo há esperança – é só preciso abrir o coração, afastar as nuvens carregadas e deixar que o sol que nos habita possa aquecer-se.
Com ternura, companheirismo, comunhão apaziguamento, aceitação e otimismo face ao que está por vir.
https://livrandante.com.br/contribuicao/caneca-forrozim-branca/