As Consequências Socioeconómicas Da COVID-19 E A Sua Desigual Distribuição

As consequências socioeconômicas da COVID-19 não são simples tradução de um perigo que a todos afeta, mas um conjunto de riscos construídos e potenciados

Os desafios no plano do trabalho, do emprego e da proteção social estando associados a mudanças e transformações à escala global assumem, em Portugal, formas que decorrem de vulnerabilidades específicas.

Tal como é referido pelos autores de As Consequências Socioeconómicas Da COVID-19 E A Sua Desigual Distribuição, o nosso país está enredado num complexo "feixe de determinantes da vulnerabilização da estrutura socioeconómica", correlacionado com a sua "posição de desenvolvimento intermédio" no plano mundial e de pertença à periferia da União Europeia (UE). Essas determinantes precisam de ser melhor compreendidas e analisadas a partir de pontos de vista diversos.

A crise pandémica com que fomos surpreendidos está a atuar como um poderoso revelador dessas vulnerabilidades preexistentes e, ao mesmo tempo, num contexto marcado pela incerteza, a dar indicações quanto a direções de reconfiguração institucional e estrutural capazes de reparar as linhas de fissura de um modelo de desenvolvimento que se tem vindo a revelar insustentável.

Caracterizar essas vulnerabilidades na forma que assumem em Portugal, e retirar desse exercício indicações tendentes a robustecer as respostas imediatas (de emergência) e mediatas, estruturais e institucionais é o propósito deste livro.

No imediato é indispensável um foco abrangente e direcionado nas respostas de emergência ao impacto socioeconómico da pandemia, mas tal imperativo não pode secundarizar abordagens que, partindo de um enquadramento retrospetivo, fundamentem opções políticas (e de políticas) orientadas para o robustecimento das instituições e das estruturas.

Vêm de trás dinâmicas contraditórias do capitalismo e crises diversas e de vário tipo. Essas crises, em regra sobrepostas umas às outras, nunca foram plenamente resolvidas, como aconteceu com a que se iniciou em 2007/2008 e que atingiu o seu pico em Portugal entre 2012 e 2013, em consequência da adoção de uma terapêutica que, em grande medida, acrescentou problemas e bloqueios - em múltiplas escalas - aos já antes existentes.

A sobreposição de crises e os processos da sua gestão, nem sempre transparentes, nem condicentes com promessas feitas, têm provocado um perigoso cansaço na sociedade que é, em si mesmo, uma enorme vulnerabilidade.

Como é referido pelos autores, "para Portugal e outros países periféricos da UE, nomeadamente os que sofreram intervenções da troika, a crise pandémica é um choque que impacta sobre uma sociedade com uma economia debilitada pelos efeitos persistentes de uma austeridade e de uma desvalorização interna que erodiram a capacidade de acomodação e resposta por parte do Estado, enviesaram o padrão de especialização no sentido de atividades muito expostas, e enfraqueceram as coberturas sociais primárias e secundárias".

Esta constatação é profusamente demonstrada no livro. A economia portuguesa foi estruturalmente empobrecida por aquelas políticas. Esse empobrecimento foi camuflado pela criação de emprego (tendencialmente de baixa qualidade) em alguns setores, mas agora tornar-se-á mais evidente e doloroso.

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Tal como é referido pelos autores de As Consequências Socioeconómicas Da COVID-19 E A Sua Desigual Distribuição, o nosso país está enredado num complexo “feixe de determinantes da vulnerabilização da estrutura socioeconómica”, correlacionado com a sua “posição de desenvolvimento intermédio” no plano mundial e de pertença à periferia da União Europeia (UE). Essas determinantes precisam de ser melhor compreendidas e analisadas a partir de pontos de vista diversos.

A crise pandémica com que fomos surpreendidos está a atuar como um poderoso revelador dessas vulnerabilidades preexistentes e, ao mesmo tempo, num contexto marcado pela incerteza, a dar indicações quanto a direções de reconfiguração institucional e estrutural capazes de reparar as linhas de fissura de um modelo de desenvolvimento que se tem vindo a revelar insustentável.

Caracterizar essas vulnerabilidades na forma que assumem em Portugal, e retirar desse exercício indicações tendentes a robustecer as respostas imediatas (de emergência) e mediatas, estruturais e institucionais é o propósito deste livro.

No imediato é indispensável um foco abrangente e direcionado nas respostas de emergência ao impacto socioeconómico da pandemia, mas tal imperativo não pode secundarizar abordagens que, partindo de um enquadramento retrospetivo, fundamentem opções políticas (e de políticas) orientadas para o robustecimento das instituições e das estruturas.

Vêm de trás dinâmicas contraditórias do capitalismo e crises diversas e de vário tipo. Essas crises, em regra sobrepostas umas às outras, nunca foram plenamente resolvidas, como aconteceu com a que se iniciou em 2007/2008 e que atingiu o seu pico em Portugal entre 2012 e 2013, em consequência da adoção de uma terapêutica que, em grande medida, acrescentou problemas e bloqueios – em múltiplas escalas – aos já antes existentes.

A sobreposição de crises e os processos da sua gestão, nem sempre transparentes, nem condicentes com promessas feitas, têm provocado um perigoso cansaço na sociedade que é, em si mesmo, uma enorme vulnerabilidade.

Como é referido pelos autores, “para Portugal e outros países periféricos da UE, nomeadamente os que sofreram intervenções da troika, a crise pandémica é um choque que impacta sobre uma sociedade com uma economia debilitada pelos efeitos persistentes de uma austeridade e de uma desvalorização interna que erodiram a capacidade de acomodação e resposta por parte do Estado, enviesaram o padrão de especialização no sentido de atividades muito expostas, e enfraqueceram as coberturas sociais primárias e secundárias”.

Esta constatação é profusamente demonstrada no livro. A economia portuguesa foi estruturalmente empobrecida por aquelas políticas. Esse empobrecimento foi camuflado pela criação de emprego (tendencialmente de baixa qualidade) em alguns setores, mas agora tornar-se-á mais evidente e doloroso.

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