Dois são os caminhos adotados que, de sua confluência, possibilitam delimitar o objeto desta tese. Pelo interior das Ciências Sociais, consideradas em sentido estrito, precisando os campos do conhecimento pelo qual necessariamente torna-se possível localizar a pesquisa, além de aferir o grau de interdisciplinaridade durante todo o seu desenvolvimento de modo a expressar no resultado final uma transversalidade entre as áreas da ciência política, da sociologia do trabalho, da história contemporânea e da filosofia política. E também pelo interior do debate bibliográfico já produzido sobre temática(s) relacionada(s) e com ela estabelecer nexos.
O ponto de partida do primeiro caminho inicia-se pela demonstração do lugar ocupado pela tese no debate acadêmico entre a tradição marxista e a tradição liberal. No seio da última, tem sido pacífico o entendimento que o subcampo da Ciência Política denominado Teoria Política objetiva refletir sobre como os seres humanos deveriam ordenar a convivência em sociedade e, nesse sentido, as tarefas da Teoria Política seriam precisar conceitos políticos imprescindíveis a tal convivência, ainda que permitindo precisões contraditórias – tais como liberdade, igualdade, democracia, justiça, representação, poder e Estado, dentre outros – e proceder ao exame de quais instituições e práticas políticas e sociais podem conduzir à sua realização.
Pela definição acima resta evidente uma “perspectiva juridicizante da política” no dizer de Pogrebinshi, que limita o campo da teoria política a dois âmbitos. O de proposições que visam estabelecer um disciplinamento jurídico das “‘decisões coletivizadas soberanas’, coercivamente sujeitas a sanção e inevitáveis” e o da dimensão mais valorativa circunscrita a um processo de investigação empírica progressiva do mundo real.
Durante os anos noventa do século XX, foi da tradição liberal que despontaram proclamações acerca da morte do marxismo, rapidamente reconhecidas como exageradas. Coube a autores como Bianchi demonstrar que desde finais dos anos 1960 e inícios dos anos 1970 – com o debate Miliband/Poulantzas sobre o Estado – a tradição marxista acompanhou a renovação da teoria política que se dava naquele momento. Atualmente, após mais de uma década de século XXI, esta tradição apresenta um renovado vigor enquanto teoria crítica da teoria política liberal e propicia uma explicação alternativa para as bases e as formas do poder político, pois “uma nova situação política e um novo nexo teoria/movimento têm permitido um importante desenvolvimento do marxismo crítico, adogmático e antidogmático”.
Karl Korsch: Crítico Marxista Do Marxismo
- Ciências Sociais, Filosofia
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