Bourdieu E A Literatura

Bourdieu E A Literatura - não se trata de apenas mais um livro sobre Bourdieu, a começar pela temática que sustenta a obra, sua Sociologia da Literatura.

Os méritos apresentados por Bourdieu E A Literatura, de John Speller, permitem afirmar, sem sombra de dúvida, que não se trata de apenas mais um livro sobre Bourdieu, a começar pela temática que sustenta a obra, sua Sociologia da Literatura, que, tal como nos Estados Unidos (mesmo que por razões diversas), também não recebeu a atenção devida no Brasil.

Nesse sentido, o livro de Speller adquire ainda mais relevância, chegando em boa hora para desfazer mal-entendidos, leituras rasteiras e equivocadas que afetam a recepção da Sociologia da Literatura bourdieusiana por essas paragens, somando-se ao esforço que vem sendo realizado por alguns poucos pesquisadores brasileiros.

O Professor Wander Nunes Frota - responsável pela tradução deste livro - e eu oferecemos aqui algumas hipóteses que tentam explicar por que a noção de "campo literário" encontra resistências no interior do ambiente acadêmico nacional, inclusive entre sociólogos.

Sinteticamente, três hipóteses orientam a nossa interpretação:

  • primeiro, a figura nuclear de Florestan Fernandes na Sociologia brasileira, fundamentalmente preocupado com o processo de modernização capitalista da sociedade nacional e suas relações com as desigualdades socioeconômicas e raciais, não deixou de lançar sombra sobre possíveis desdobramentos de uma Sociologia da cultura entre nós, fato que começa a ser contornado apenas em meados da década de 1970;
  • segundo, outra figura basilar de nossa vida intelectual, Antonio Candido, cuja modulação de uma teoria e crítica literárias de viés histórico-sociológico, a evitar abordagens excessivamente formalistas, sustentada pelo conceito de "sistema literário': que muita influência exerceu e exerce em nosso meio acadêmico, também colaborou para rechaçar a Sociologia da Literatura de Bourdieu - isso sem contar que uma Sociologia com tais características, profundamente "desencantadorà' per se, poderia revelar que a filiação modernista de Candido impregnava, em algum sentido e grau, seu modelo teórico-metodológico;
  • por fim, como por muito tempo não contamos com as ciências sociais institucionalizadas no Brasil, coube aos literatos a tarefa de pensar o país, o que pode ter criado, posteriormente, uma espécie de disputa entre as disciplinas, as ciências sociais e a teoria literária, pela explicação supostamente mais firme e legítima sobre a realidade brasileira.

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Nesse sentido, o livro de Speller adquire ainda mais relevância, chegando em boa hora para desfazer mal-entendidos, leituras rasteiras e equivocadas que afetam a recepção da Sociologia da Literatura bourdieusiana por essas paragens, somando-se ao esforço que vem sendo realizado por alguns poucos pesquisadores brasileiros.

O Professor Wander Nunes Frota – responsável pela tradução deste livro – e eu oferecemos aqui algumas hipóteses que tentam explicar por que a noção de “campo literário” encontra resistências no interior do ambiente acadêmico nacional, inclusive entre sociólogos.

Sinteticamente, três hipóteses orientam a nossa interpretação:

  • primeiro, a figura nuclear de Florestan Fernandes na Sociologia brasileira, fundamentalmente preocupado com o processo de modernização capitalista da sociedade nacional e suas relações com as desigualdades socioeconômicas e raciais, não deixou de lançar sombra sobre possíveis desdobramentos de uma Sociologia da cultura entre nós, fato que começa a ser contornado apenas em meados da década de 1970;
  • segundo, outra figura basilar de nossa vida intelectual, Antonio Candido, cuja modulação de uma teoria e crítica literárias de viés histórico-sociológico, a evitar abordagens excessivamente formalistas, sustentada pelo conceito de “sistema literário’: que muita influência exerceu e exerce em nosso meio acadêmico, também colaborou para rechaçar a Sociologia da Literatura de Bourdieu – isso sem contar que uma Sociologia com tais características, profundamente “desencantadorà’ per se, poderia revelar que a filiação modernista de Candido impregnava, em algum sentido e grau, seu modelo teórico-metodológico;
  • por fim, como por muito tempo não contamos com as ciências sociais institucionalizadas no Brasil, coube aos literatos a tarefa de pensar o país, o que pode ter criado, posteriormente, uma espécie de disputa entre as disciplinas, as ciências sociais e a teoria literária, pela explicação supostamente mais firme e legítima sobre a realidade brasileira.

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