Um Olhar Sobre As Diferenças: A Interface Entre Projetos Educativos E Migratórios

Sayad destaca o aspecto multidisciplinar dos estudos sobre
migração, e os textos aqui reunidos são oriundos de diversas áreas de conhecimento: Antropologia, Psicologia, Geografia... É essa diversidade que permite iluminar a multiplicidade de fatores que estão envolvidos no ato de migrar

que gera não só um deslocamento, mas também uma série de rupturas, tais como: de laços familiares, de grupos de pertinência, de costumes, valores, cultura, de relação de produção, dentre outros.
No entanto, as rupturas nunca são totais. Os imigrantes não deixam de ser o que eram antes de imigrar. A língua, a maneira de ver o mundo, os hábitos e outras coisas adquiridas na infância e na juventude continuam com os imigrados e não se perdem no processo de migração. Contudo, mudanças, e muitas vezes mudanças fundamentais, ocorrem (pois os recém chegados têm que aprender uma nova língua, conviver num novo mundo e com pessoas que pensam de forma diferente), mas a transformação nunca é absoluta e total.
Todavia, a aquisição da linguagem é o passo mais importante no processo de adaptação de um estrangeiro, e mesmo migrantes internos têm necessidade de uma adaptação ao linguajar do lugar de destino. Como crianças e adolescentes adquirem mais rapidamente as competências linguísticas do que seus pais, é comum que em famílias de imigrantes a língua seja utilizada pelos jovens como sinal de rebeldia e de desafio à autoridade dos pais.
Além disso, quanto mais instruído é o filho, maiores as diferenças entre os próprios valores e os de seus pais. Bourdieu afirma que tais diferenças afetam também as relações de poder, já que existem arranjos familiares em que “o pai analfabeto é obrigado a recorrer ao filho ou filha, ainda meninos, para ler ou redigir cartas, preencher formulários administrativos ou até orientar suas decisões pelo que diz respeito à vida econômica da família”. Portanto, a escola não apenas propicia inserção e adaptação para os filhos dos migrantes/imigrantes mas também pode ser uma fonte de conflitos na medida em que suas orientações não coincidem com as expectativas dos pais.

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migração, e os textos aqui reunidos são oriundos de diversas áreas de conhecimento: Antropologia, Psicologia, Geografia… É essa diversidade que permite iluminar a multiplicidade de fatores que estão envolvidos no ato de migrar que gera não só um deslocamento, mas também uma série de rupturas, tais como: de laços familiares, de grupos de pertinência, de costumes, valores, cultura, de relação de produção, dentre outros.
No entanto, as rupturas nunca são totais. Os imigrantes não deixam de ser o que eram antes de imigrar. A língua, a maneira de ver o mundo, os hábitos e outras coisas adquiridas na infância e na juventude continuam com os imigrados e não se perdem no processo de migração. Contudo, mudanças, e muitas vezes mudanças fundamentais, ocorrem (pois os recém chegados têm que aprender uma nova língua, conviver num novo mundo e com pessoas que pensam de forma diferente), mas a transformação nunca é absoluta e total.
Todavia, a aquisição da linguagem é o passo mais importante no processo de adaptação de um estrangeiro, e mesmo migrantes internos têm necessidade de uma adaptação ao linguajar do lugar de destino. Como crianças e adolescentes adquirem mais rapidamente as competências linguísticas do que seus pais, é comum que em famílias de imigrantes a língua seja utilizada pelos jovens como sinal de rebeldia e de desafio à autoridade dos pais.
Além disso, quanto mais instruído é o filho, maiores as diferenças entre os próprios valores e os de seus pais. Bourdieu afirma que tais diferenças afetam também as relações de poder, já que existem arranjos familiares em que “o pai analfabeto é obrigado a recorrer ao filho ou filha, ainda meninos, para ler ou redigir cartas, preencher formulários administrativos ou até orientar suas decisões pelo que diz respeito à vida econômica da família”. Portanto, a escola não apenas propicia inserção e adaptação para os filhos dos migrantes/imigrantes mas também pode ser uma fonte de conflitos na medida em que suas orientações não coincidem com as expectativas dos pais.

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