41 Inícios Falsos: Ensaios Sobre Artistas E Escritores

Janet Malcolm é uma escritora feroz. O leitor de primeira viagem talvez não espere por isso, tendo em vista as cenas domésticas cuidadosamente descritas que abrem muitos de seus dramas jornalísticos.


No início de sua carreira, ela escrevia uma coluna para a New Yorker chamada “About the House” [Sobre a casa], que falava sobre a beleza da simplicidade, entre outros assuntos afins, e lançava seu olhar afiado aos interiores.
Se as relermos hoje à luz de seus escritos posteriores, essas colunas também parecem, de alguma forma, tremeluzir com um rico e talvez sinistro presságio. Boa parte do jornalismo é uma história de ninar que se ouve sonolento pela centésima vez, mas com um artigo de Janet Malcolm nunca se sabe onde as coisas vão dar.
Li artigos em que a vi dar uma guinada, e me endireitei na cadeira, ofegante, e tentei corrigir seu curso errante e assustador com a minha expressão corporal, como se estivesse sentado em uma janela de hotel observando um carro pegar calmamente o acesso de saída de uma rodovia. A chance de sermos tomados de surpresa nos mantém alerta ao longo de tudo o que ela escreve.
Que ela é mais inteligente do que quase todo mundo, não é preciso dizer; além disso, não conheço nenhum outro escritor de não ficção tão divertido assim.
Certa vez, entrevistei Janet Malcolm no palco do New Yorker Festival. A plateia imensa estava cheia de pessoas que conheciam bem sua obra, como pude deduzir do silêncio com que a escutavam.
Quando a palavra foi passada ao público, alguém perguntou sobre a primeira frase de O jornalista e o assassino, livro que analisa a relação entre Jeffrey MacDonald, um homem condenado por um crime terrível, e Joe McGinniss, o escritor que fez amizade com o criminoso e escreveu um livro sobre ele. A frase é: “Qualquer jornalista que não seja demasiado obtuso ou cheio de si para perceber o que está acontecendo sabe que o que ele faz é moralmente indefensável”.

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No início de sua carreira, ela escrevia uma coluna para a New Yorker chamada “About the House” [Sobre a casa], que falava sobre a beleza da simplicidade, entre outros assuntos afins, e lançava seu olhar afiado aos interiores.
Se as relermos hoje à luz de seus escritos posteriores, essas colunas também parecem, de alguma forma, tremeluzir com um rico e talvez sinistro presságio. Boa parte do jornalismo é uma história de ninar que se ouve sonolento pela centésima vez, mas com um artigo de Janet Malcolm nunca se sabe onde as coisas vão dar.
Li artigos em que a vi dar uma guinada, e me endireitei na cadeira, ofegante, e tentei corrigir seu curso errante e assustador com a minha expressão corporal, como se estivesse sentado em uma janela de hotel observando um carro pegar calmamente o acesso de saída de uma rodovia. A chance de sermos tomados de surpresa nos mantém alerta ao longo de tudo o que ela escreve.
Que ela é mais inteligente do que quase todo mundo, não é preciso dizer; além disso, não conheço nenhum outro escritor de não ficção tão divertido assim.
Certa vez, entrevistei Janet Malcolm no palco do New Yorker Festival. A plateia imensa estava cheia de pessoas que conheciam bem sua obra, como pude deduzir do silêncio com que a escutavam.
Quando a palavra foi passada ao público, alguém perguntou sobre a primeira frase de O jornalista e o assassino, livro que analisa a relação entre Jeffrey MacDonald, um homem condenado por um crime terrível, e Joe McGinniss, o escritor que fez amizade com o criminoso e escreveu um livro sobre ele. A frase é: “Qualquer jornalista que não seja demasiado obtuso ou cheio de si para perceber o que está acontecendo sabe que o que ele faz é moralmente indefensável”.

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