Vidas Investigadas: De Sócrates A Nietzsche

Era uma vez um tempo em que os filósofos causavam espanto. Eles às vezes eram alvo de escárnio e piadas, mas em geral representavam uma fonte de inspiração comum, oferecendo, com suas palavras e ações, modelos de sabedoria, padrões de conduta e, para os que os levavam a sério, exemplos a serem seguidos.

Por muito tempo, histórias sobre os grandes filósofos desempenharam um papel formativo na cultura do Ocidente. Escritores romanos como Cícero, Sêneca e Marco Aurélio mediam o próprio progresso espiritual comparando suas condutas com a de Sócrates, a quem todos consideravam o modelo da perfeita virtude. Mil e seiscentos anos depois, de maneira semelhante, o jovem John Stuart Mill aprendeu grego clássico para poder ler o Memorabilia, de Xenofonte (século IV a.C.), e as Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, tal como narrada por Diógenes Laércio, seguidor grego de Epicuro que, acredita-se, viveu no século III a.C.
Com exceção da idade absurdamente precoce com que Mill fora forçado a devorá-lo, não havia nada de estranho em seu rol de leituras. Até bem pouco tempo, quem era capaz de ler os clássicos gregos e romanos nutria-se rotineiramente não apenas de Xenofonte e Platão, mas também dos ensaios morais de Sêneca e Plutarco, que se mostravam repletos de histórias edificantes sobre os benefícios e as consolações da filosofia. Uma pessoa instruída provavelmente sabia alguma coisa sobre Sócrates, mas também sobre o “epicurismo”, o “estoicismo” e o “ceticismo”, movimentos filosóficos ainda de interesse para David Hume, que escreveu sobre caum deles em seus Ensaios: morais, políticos e literários.
Para Hume, assim como para Diógenes Laércio, cada movimento filosófico se expressava não apenas por sua doutrina, mas também por seu modo de vida – um padrão de conduta exemplificado pelos detalhes biográficos relatados por Diógenes Laércio acerca de figuras como Epicuro, fundador do epicurismo; Zenão, tradicionalmente visto como o primeiro estoico; e Pirro, que inaugurou uma das vertentes do ceticismo antigo. Além de Hume e Mill, Karl Marx e Friedrich Nietzsche – para tomarmos dois exemplos igualmente modernos – também estudaram as Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. De fato, tanto Marx quanto Nietzsche, ainda com vinte e poucos anos, escreveram tratados baseados, em parte, em estudos minuciosos desse trabalho.

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Era uma vez um tempo em que os filósofos causavam espanto. Eles às vezes eram alvo de escárnio e piadas, mas em geral representavam uma fonte de inspiração comum, oferecendo, com suas palavras e ações, modelos de sabedoria, padrões de conduta e, para os que os levavam a sério, exemplos a serem seguidos. Por muito tempo, histórias sobre os grandes filósofos desempenharam um papel formativo na cultura do Ocidente. Escritores romanos como Cícero, Sêneca e Marco Aurélio mediam o próprio progresso espiritual comparando suas condutas com a de Sócrates, a quem todos consideravam o modelo da perfeita virtude. Mil e seiscentos anos depois, de maneira semelhante, o jovem John Stuart Mill aprendeu grego clássico para poder ler o Memorabilia, de Xenofonte (século IV a.C.), e as Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres, tal como narrada por Diógenes Laércio, seguidor grego de Epicuro que, acredita-se, viveu no século III a.C.
Com exceção da idade absurdamente precoce com que Mill fora forçado a devorá-lo, não havia nada de estranho em seu rol de leituras. Até bem pouco tempo, quem era capaz de ler os clássicos gregos e romanos nutria-se rotineiramente não apenas de Xenofonte e Platão, mas também dos ensaios morais de Sêneca e Plutarco, que se mostravam repletos de histórias edificantes sobre os benefícios e as consolações da filosofia. Uma pessoa instruída provavelmente sabia alguma coisa sobre Sócrates, mas também sobre o “epicurismo”, o “estoicismo” e o “ceticismo”, movimentos filosóficos ainda de interesse para David Hume, que escreveu sobre caum deles em seus Ensaios: morais, políticos e literários.
Para Hume, assim como para Diógenes Laércio, cada movimento filosófico se expressava não apenas por sua doutrina, mas também por seu modo de vida – um padrão de conduta exemplificado pelos detalhes biográficos relatados por Diógenes Laércio acerca de figuras como Epicuro, fundador do epicurismo; Zenão, tradicionalmente visto como o primeiro estoico; e Pirro, que inaugurou uma das vertentes do ceticismo antigo. Além de Hume e Mill, Karl Marx e Friedrich Nietzsche – para tomarmos dois exemplos igualmente modernos – também estudaram as Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. De fato, tanto Marx quanto Nietzsche, ainda com vinte e poucos anos, escreveram tratados baseados, em parte, em estudos minuciosos desse trabalho.

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