
Há 25 anos, surgia nas páginas do jornal “O Estado” uma figura que se tornaria lendária entre leitores assíduos de literatura de suspense. Hoje, se vê que O Detetive De Florianópolis, do escritor catarinense Jair Francisco Hamms, ia muito além de pregar o leitor em suas páginas.
Da ironia ao escracho, acompanhamos, do surgimento ao casamento, o “desempregado, endividado, nervoso, aporrinhado à beça, Domingos Tertuliano Tive”, D.T. Tive – detetive particular. Em dez crônicas, Hamms consegue fazer rir, rir muito, e ainda nos deixa com gosto de quero mais, depois que Tive casa-se com a sua… bem, não é interessante entregar o jogo, ainda mais em caso de investigação.
Se precisávamos de um herói catarinense que agradasse a muitos gostos, ele está ali. É o tipo que acorda, olha pela janela, sabe que precisa se mexer e não consegue sair da cama. Conversando com seus botões, ouve de um deles o conselho: “Que eu saiba, a cidade não tem um só detetive particular”. Dessa forma, com dinheiro emprestado, Tive inicia uma carreira promissora e cheia de situações embaraçosas, nunca menos engraçadas.
Em O Detetive De Florianópolis Jair Francisco Hamms não terá pretendido retratar um determinado tipo – ou um tipo determinado – de personagem com que se tenha deparado na vida real. Mais que isto, o autor consegue reunir num só personagem vários tipos com os quais cruza todos os dias nas ruas de Florianópolis, acentuando o espírito do ilhéu malandro, irreverente, gozador, esperto e, no caso, lutador, disposto até mesmo a levar a sério sua profissão de detetive particular para defender – sabe Deus como! – o pão nosso de cada dia nestes tempos em que, para muitos, nem todo dia tem pão. Trata-se de um personagem que veio para ficar e, seguramente, para fazer carreira.
