Jacques Le Goff – História E Memória
Jacques Le Goff, historiador francês com mais de 30 livros publicados, reuniu em História E Memória diversos ensaios escritos entre 1977 e 1982. Sua primeira publicação na França foi em 1988 e no Brasil, dois anos depois, em 1990. Ela se encontra agora na terceira reimpressão de sua sétima edição.
No prefácio, ele introduz o leitor ao livro por meio de seis perguntas, cujas formulações e respostas iniciam a discussão que se segue por todo o texto. O autor reconstrói vários conceitos de história desde a Antiguidade clássica até a contemporaneidade; traz definições de Heródoto, Lévi-Strauss, Certeau, Paul Veyne, entre outros, e as complementa, transforma e problematiza.
O ensaísta retoma a oposição antigo/moderno, assunto que trabalhou em diferentes ocasiões, pensando os sentidos que ela exprime, sobretudo, em um contexto histórico ocidental.
Explica que “moderno” não foi sempre sinônimo de progresso, nem “antigo”, de velho ou acabado. Ele afirma, ainda, que os termos nem sempre foram opostos, uma vez que “qualquer um dos dois pode ser acompanhado de conotações laudatórias, pejorativas ou neutras”.
As concepções do tempo, da história e das sociedades ideais também são abordadas. Sua obra recupera como as sociedades tentaram dominar o tempo e a história e como, em consequência, surgiram os calendários e as mais variadas formas de organizar em ciclos o passar do tempo.
Para ele, o historiador contemporâneo tende a distinguir as durações históricas, o que “induziu alguns historiadores a elaborar a hipótese da existência de uma história ‘quase imóvel’”. Assim, questiona a possibilidade dessa existência.
Le Goff termina História E Memória dizendo que o conceito de memória é crucial, mas seu ensaio se dedica a ela da perspectiva das ciências humanas, pois foca na memória coletiva, e não na individual.
Além de definir a memória em outros campos científicos, o autor destaca o uso do recurso mnemônico como ferramenta de registro da história e os problemas e benefícios desse método.
Com domínio do vocabulário e da escrita, o pesquisador francês consegue prender todos os tipos de leitor e, devido à sua técnica de explicação quase didática, suas obras são usadas com frequência nos cursos de ciências humanas. A leitura de História e memória, ao mesmo tempo em que oferece elementos de reflexão, é esclarecedora.