O Estado Como Obra De Arte

O Estado como obra de arte foi originalmente publicado em 1860 como a primeira parte de A cultura do Renascimento da Itália, livro mais influente do historiador suíço Jacob Burckhardt (1818-97) e referência obrigatória sobre um dos períodos capitais da história do Ocidente.

O autor explica a tumultuada política italiana entre os séculos XIV e XVI a partir da constatação de que os tiranos e déspotas que arrebataram o poder nos pequenos Estados da península, então divididos entre as influências antagônicas do Papado e do Sacro Império Romano-Germânico, passaram a conceber as estruturas estatais como “produto da reflexão, criações conscientes, embasadas em manifestos e bem calculados fundamentos” - isto é, à maneira das obras de arte projetadas por criadores geniais como Rafael Sanzio (1483-1520), Boticelli (c. 1445-1510) e Leonardo da Vinci (1452-1519), não raro contratados para embelezar os suntuosos palácios construídos por esses soberanos. Segundo Burckhardt, os novos governantes da península, embora mais interessados em enriquecer, perpetuar-se no poder e eliminar - quase sempre com extrema violência - as forças de oposição, inspiraram-se nas realizações políticas dos antigos gregos e romanos e, aconselhados por intelectuais da estatura de Maquiavel (1469-1527) e Baldassare Castiglione (1478-1529), acabaram lançando as bases institucionais do Estado burocrático moderno.
É no verdadeiro sentido da palavra que esta obra carrega o título de um mero ensaio; seu autor tem suficientemente claro em sua consciência a modéstia dos meios e forças com os quais se encarregou de tarefa tão extraordinariamente grande. Pudesse ele, contudo, contemplar com maior confiança sua pesquisa, tampouco estaria mais seguro do aplauso dos conhecedores. Os contornos espirituais de uma época cultural oferecem, talvez, a cada observador uma imagem diferente, e, em se tratando do conjunto de uma civilização que é a mãe da nossa e que sobre esta ainda hoje segue exercendo a sua influência, é mister que juízo subjetivo e sentimento interfiram a todo momento tanto na escrita quanto na leitura desta obra.
No vasto mar ao qual nos aventuramos, são muitos os caminhos e direções possíveis; os mesmos estudos realizados para este trabalho poderiam, nas mãos de outrem, facilmente experimentar não apenas utilização e tratamento totalmente distintos, como também ensejar conclusões substancialmente diversas.

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foi originalmente publicado em 1860 como a primeira parte de A cultura do Renascimento da Itália, livro mais influente do historiador suíço Jacob Burckhardt (1818-97) e referência obrigatória sobre um dos períodos capitais da história do Ocidente. O autor explica a tumultuada política italiana entre os séculos XIV e XVI a partir da constatação de que os tiranos e déspotas que arrebataram o poder nos pequenos Estados da península, então divididos entre as influências antagônicas do Papado e do Sacro Império Romano-Germânico, passaram a conceber as estruturas estatais como “produto da reflexão, criações conscientes, embasadas em manifestos e bem calculados fundamentos” – isto é, à maneira das obras de arte projetadas por criadores geniais como Rafael Sanzio (1483-1520), Boticelli (c. 1445-1510) e Leonardo da Vinci (1452-1519), não raro contratados para embelezar os suntuosos palácios construídos por esses soberanos. Segundo Burckhardt, os novos governantes da península, embora mais interessados em enriquecer, perpetuar-se no poder e eliminar – quase sempre com extrema violência – as forças de oposição, inspiraram-se nas realizações políticas dos antigos gregos e romanos e, aconselhados por intelectuais da estatura de Maquiavel (1469-1527) e Baldassare Castiglione (1478-1529), acabaram lançando as bases institucionais do Estado burocrático moderno.
É no verdadeiro sentido da palavra que esta obra carrega o título de um mero ensaio; seu autor tem suficientemente claro em sua consciência a modéstia dos meios e forças com os quais se encarregou de tarefa tão extraordinariamente grande. Pudesse ele, contudo, contemplar com maior confiança sua pesquisa, tampouco estaria mais seguro do aplauso dos conhecedores. Os contornos espirituais de uma época cultural oferecem, talvez, a cada observador uma imagem diferente, e, em se tratando do conjunto de uma civilização que é a mãe da nossa e que sobre esta ainda hoje segue exercendo a sua influência, é mister que juízo subjetivo e sentimento interfiram a todo momento tanto na escrita quanto na leitura desta obra.
No vasto mar ao qual nos aventuramos, são muitos os caminhos e direções possíveis; os mesmos estudos realizados para este trabalho poderiam, nas mãos de outrem, facilmente experimentar não apenas utilização e tratamento totalmente distintos, como também ensejar conclusões substancialmente diversas.

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