
A pesquisadora Jacinta Rodrigues nos presenteia com uma obra vivenciada e analisada nas suas práticas como professora de dois cursos oferecidos num Campus do Instituto Federal de Ensino Técnico e Tecnológico, situado no interior do estado de Roraima, que acolhe indígenas e não indígenas numa experienciação única e estimulante que a faz questionar cotidianamente tanto as línguas utilizadas naquele espaço de construção do saber como as relações estabelecidas entre seus usos e a construção identitária dos alunos indígenas.
O ambiente, cenário deste trabalho aqui apresentado, é riquíssimo. Trata-se de um Campus, criado para atender a população do interior do estado – sublinha-se: atender a partir dela, com característica curricular e de carga horária dividida entre atividades na sede e nas comunidades, como retorno direto e prático às necessidades rotineiras.
O ensino da língua portuguesa se faz presente como suporte veicular para a manutenção da apreensão e avaliação de conteúdos, disciplina em que Jacinta atua, como professora e orientadora de iniciação científica.
Outras línguas e culturas também estão presentes ali e não se trata apenas de conviverem harmoniosamente ou não, elas se interpenetram, tal qual apreciado pelos movimentos trans, presentes nos conceitos bastante atuais de transculturalidade e translinguagem.
Sob essa perspectiva, as línguas e culturas se modificam mutuamente, criando novas estruturas e recriando velhas estruturas. Trata-se de um refazer constante e, claro, que a própria Jacinta não sairia a mesma dessa aventura.
Agora, essa professora/pesquisadora está pronta para seguir em frente. Agora ela entende melhor (mas não definitivamente) o contexto em que atua, seus alunos, as relações entre os atores envolvidos e até a si própria como profissional, migrante transnacional, mãe, linguista aplicada. É um pouco dessa densidade leve, posto que prazerosa, que a Jacinta está prestes a dividir com você leitor.

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